"O fascismo
deveria ser mais apropriadamente chamado de corporativismo, pois trata-se de
uma fusão entre o poder do estado e o poder das grandes empresas".
Benito Mussolini
Agora leia esta
notícia. Destaco alguns trechos, que
falam por si sós:
Entre
as 30 maiores multinacionais brasileiras (ranking de 2008), quase todas têm
empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e
20 têm participação do Estado - ou são estatais, ou têm parcelas de capital
detidas pelo BNDESPar ou por fundos de pensão de estatais, fortemente
influenciados pelo governo.
Incluindo-se
as que têm associação indireta com o Estado - como parcerias com a Petrobrás,
ou que fazem parte de grupos com participação estatal em outras de suas
empresas -, aquele total chega a 25 das 30 maiores multinacionais, com nomes bem
conhecidos como Petrobrás, Vale, Ipiranga, Usiminas, Embraer, Perdigão, Bertin
e Klabin. Apenas 5 das 30 não têm no momento nenhuma associação (excluindo
empréstimos) com o Estado - AmBev, TAM, Globo, Copersucar e Natura.
Embora
duas empresas - Gerdau Aços Longos e CSN - tenham participação do governo
inferior a 5%, na maioria delas a parcela é superior a 10%, e em quatro é maior
do que 20% (Perdigão, Bertin, Fibria e Klabin). Como o ranking é de 2008, a
Perdigão, que se fundiu com a Sadia, e a Bertin (frigorífico), que se fundiu
com a JBS, aparecem separadamente. Em ambos, a participação do Estado se
manteve depois da fusão. Esses são exemplos de negócios que o governo ajudou a
costurar e que mostram a estrutura de concentração da política industrial.
Para
tocar sua ambiciosa política industrial, o governo está fazendo uma gigantesca
injeção de recursos nos bancos estatais, concentrada no BNDES. Segundo números
do Banco Central, o saldo dos empréstimos do Tesouro Nacional a essas
instituições saiu de zero em 2005 para R$ 145,4 bilhões em agosto de 2009.
Desse total, R$ 137,5 bilhões foram para o BNDES.
(...)
O
custo financeiro do fortalecimento do BNDES, no entanto, é apenas um dos
problemas identificados por Almeida no crescente intervencionismo do Estado no
setor produtivo. Ele constata que a política industrial do governo ainda vive
um dilema de difícil superação: ao apostar as fichas nos grandes grupos
econômicos brasileiros e na estratégia de usar o seu poder para concentrá-los
ainda mais e criar "campeões nacionais", que possam competir
globalmente, o governo acaba reforçando uma estrutura produtiva calcada na
produção de commodities e de produtos de baixa tecnologia.
"É uma política industrial que consolida o que já somos, em vez de
sinalizar o que queremos ser", diz Mansueto Almeida, [o realizador do estudo].
Ou
seja:
Além
de ajudar a perpetuar um modelo de exportações baseado em produtos de baixo
valor agregado (não houve um único país que se desenvolveu seguindo apenas esse
modelo), tal política transforma os brasileiros em financiadores que não têm
direito aos juros. Nós damos o dinheiro,
eles (governo e empresas) ficam com os lucros.
Ademais, o texto cita algumas empresas (AmBev,
TAM, Globo, Copersucar e Natura) que não têm "no
momento nenhuma associação (excluindo empréstimos) com o Estado". Nesse caso, é bom dar uma ênfase no
"excluindo empréstimos", pois todas provavelmente mamam no BNDES e seus juros
subsidiados - subsidiados por nós contribuintes.
Tal
política intervencionista e enriquecedora do grande baronato empresarial é
amplamente defendida pelas esquerdas - que, não obstante, acusam os
livre-mercadistas de serem os defensores lacaios das grandes empresas.
Somente
quando essa inversão for atacada e desmontada, somente quando a população for
conscientizada de que o livre mercado é o exato oposto desse arranjo fascista,
e que ele é o único mecanismo capaz de quebrar a espinha desse perverso esquema
de transferência de renda ao avesso, o movimento libertário terá alguma chance
- principalmente por meio do apoio dos micro e pequenos empreendedores, aqueles
genuínos heróis brasileiros que sobrevivem sem usar o estado para meter a mão
no bolso de seus compatriotas.