quinta-feira, 24 jun 2010
A
cooperação humana é diferente das atividades que ocorreram sob as condições
pré-humanas no reino animal e daquelas que ocorriam entre pessoas ou grupos
isolados durante as eras primitivas. A
faculdade humana específica que distingue o homem do animal é a
cooperação. Os homens cooperam. Isso significa que, em suas atividades, eles
preveem que as atividades incorridas por outras pessoas irão produzir certas
coisas que possibilitarão os resultados que eles objetivam com seu próprio
trabalho.
O
mercado é uma situação, ou um conjunto de situações, em que eu dou algo para
você a fim de receber em troca algo de você.
Um ditado em latim, há mais de 2.000 anos, já apresentava a melhor
descrição do mercado: do ut des — dou
algo para que assim você também dê. Eu
contribuo com algo de modo que você contribua com algo mais. Com base nisso desenvolveu-se a sociedade
humana, o mercado, a cooperação pacífica entre os indivíduos. E cooperação social significa divisão do
trabalho.
Os
vários membros, os vários indivíduos de uma sociedade não vivem suas próprias
vidas sem qualquer ligação ou conexão com outros indivíduos. Graças à divisão do trabalho, estamos
constantemente associados a terceiros: trabalhando para eles e recebendo e
consumindo o que eles produziram para nós.
Como resultado, temos uma economia baseada nas trocas e que consiste
totalmente na cooperação entre vários indivíduos. Todo mundo produz, não apenas para si
próprio, mas para outras pessoas também, na expectativa de que essas outras
pessoas irão produzir para ele. Esse sistema requer atos de troca.
A
cooperação pacífica, as conquistas pacíficas dos homens, são todas efetuadas e
realizadas no mercado. Cooperação
necessariamente significa que as pessoas estão trocando serviços e bens, sendo
estes últimos os produtos dos serviços.
São essas trocas que criam o mercado.
O mercado representa precisamente a liberdade de as pessoas produzirem,
consumirem e determinarem o que deve ser produzido, em qual quantidade, com
qual qualidade e para quem esses produtos devem ir. Um sistema livre sem um mercado é
impossível. O mercado é a representação
prática desse sistema livre.
Tem-se
aquela ideia de que as instituições criadas pelo homem são (1) o mercado, que é
a livre troca entre indivíduos, e (2) o governo, uma instituição que, na mente
de muitas pessoas, é algo superior ao mercado e poderia existir na ausência do
mercado. A verdade é que o governo —
que é o recurso à violência, necessariamente o recurso à violência — não pode
produzir nada. Tudo que é produzido de
bom é produzido somente pelas atividades desempenhadas por indivíduos, e é
disponibilizado no mercado com o intuito de se receber algo benéfico em troca.
É
importante lembrar que tudo o que é feito, tudo que o homem já fez, tudo que a
sociedade já fez, é o resultado da cooperação e dos acordos voluntários. A cooperação social entre os homens — e isso
significa o mercado — é o que cria a civilização. E foi essa cooperação que permitiu todas as
melhorias ocorridas nas condições humanas, melhorias essas que podemos usufruir
hoje.