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O CEO Improvável: Robert Smith

04/10/2019

O CEO Improvável: Robert Smith

Qualquer um que fizer uma lista das melhores bandas dos anos 1980 certamente colocará os ingleses que compõem o trio The Cure entre os três primeiros. Originalidade à toda prova nas melodias inquietas e surpreendentes. Letras cirúrgicas e poéticas – uma delas, “Killing an Arab”, é baseada no livro “L’étranger”, de Albert Camus. Técnica afiada em instrumentos tocados com paixão e habilidade. Uma fórmula inesquecível e brilhante.

Toda a genialidade deste grupo deve-se a uma só pessoa: o guitarrista Robert Smith, que é o CEO Improvável de Money Report nesta semana. Ele navega entre melodias intrincadas e surpreendentes, como “Love Cats”, e canções pop absolutamente grudentas, que tem em “Boys Don’t Cry”, uma unanimidade entre jovens de 15 a 65 anos de idade, um de seus ícones. Sua persona é reconhecida imediatamente: até hoje, usa cabelos eriçados e forte maquiagem gótica.

Certa vez, durante entrevista à televisão inglesa, Smith foi perguntado sobre o processo criativo da banda. Ele disse: “Tenho medo de parecer anti-democrático, mas é preciso ter uma pessoa que faça o crivo final, que imprima uma marca. Se a coisa ficar muito aberta, o som se dilui, aquilo que faz uma banda ser única se perde”. Ou seja, Robert Smith é daqueles que chama o jogo para si e assume as responsabilidades. Deu certo? Mérito meu. Deu errado? Culpa minha. Foi talvez um dos poucos artistas a fazer isso durante o fenômeno New Wave, no qual trios e quartetos se sobressaíam pelo trabalho coletivo.

Ao longo de uma carreira que começou ao final dos anos 1970 e teve seu auge na década seguinte, a banda de Smith levou o experimentalismo ao limite em diversas ocasiões, sempre chegando ao topo dos charts britânicos. Numa primeira fase, até 1984, não obteve um sucesso incontestável nos Estados Unidos, algo que os ingleses sempre buscam para ser eternizados no Olimpo do Rock ou da Música Pop.

No início dos anos 1980, ele começou a achar que estava se repetindo. Que The Cure tinha virado uma banda previsível. Smith, então, tomou uma decisão corajosa. Deixou o grupo parado por um tempo. E foi ser guitarrista de outra banda, tão famosa quanto a sua – Siouxsie & The Banshees. Como um simples guitarrista e sem tomar as rédeas do processo criativo, como fazia no The Cure, Robert Smith experimentou novas linguagens musicais e arriscou até formar uma dupla com o baixista Steve Severin, dos Banshees. Dessa colaboração surgiu o álbum “Blue Sunshine”. Sob essa influência, lançou uma de suas obras mais experimentais – o disco The Top, em 1984.

A partir deste ano, começou a planejar o futuro da banda meticulosamente. Por conta dessa fase como coadjuvante em outra banda, entendeu que tinha de ouvir mais sua equipe e se afastou um pouco dos sons experimentais que nada acrescentavam ao seu legado.

A partir daí, engatou uma série de discos de ouro ou platinados – todos conferidos nos Estados Unidos. Afinou seu line up e vendeu como nunca. Como um verdadeiro CEO, anotou seus erros e fez a lição de casa para melhorar a performance de seu negócio. Seu legado é visto em várias bandas alternativas do rock atual. Como todo profissional apaixonado pelo que faz, não pensa em pendurar as chuteiras e nunca deixou de produzir. Aos 60 anos, com seus cabelos brancos espetados, está gravando o próximo álbum – com os mesmos colaboradores de longa data.

(Aluízio Falcão)

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