sexta-feira, 17 0aio 2013
O
recente
desabamento
em Bangladesh de um edifício que abrigava cinco unidades de confecção de tecido,
o que resultou nas mortes, até o momento, de mais de 1.100 pessoas que lá
estavam empregadas, gerou uma onda internacional de indignação e revolta não
apenas contra o proprietário do edifício, mas também contra as várias multinacionais
de roupas dos EUA e da Europa — muitas delas famosas (como a britânica Primark
e a espanhola Mango) — que revendem as roupas produzidas naquele
edifício. Exige-se que elas assumam a
responsabilidade pelas condições de trabalho nas fábricas que abastecem seus
estoques e que não mais lidem com unidades de confecção que não forneçam
condições seguras e humanas e que não paguem salários dignos.
Tais
exigências se baseiam na crença de que, caso não haja intervenções do governo,
os empreendedores e capitalistas, em sua contínua busca pelo lucro, irão pagar
salários meramente de subsistência para seus empregados, os quais serão
forçados a trabalhar uma quantidade intolerável de horas em condições
sub-humanas.
Mais
ainda: tais demandas se baseiam na crença de que os lucros supostamente
arrancados dos trabalhadores desta maneira vão parar nas mãos dos capitalistas
como se fossem um tipo de 'caixa dois descartável'. Segundo este raciocínio, uma fatia
substancial deste lucro poderia ser devolvida aos trabalhadores dos quais foi
extraída — ou então utilizada em benefício deles — sem nenhum efeito
negativo, exceto o de privar os capitalistas de seus ganhos imorais.
Pressupõe-se
tacitamente que a razão pela qual as condições precárias observadas em Bangladesh
e no resto do Terceiro Mundo não ocorrem nos países ricos é por causa das
legislações trabalhistas e sociais existentes nestes países. Sendo assim, a conclusão lógica passa a ser a
de que é necessário expandir estas mesmas legislações para os países pobres que
ainda não as possuem.
Absolutamente
todos os aspectos desta crença estão errados e, caso tais legislações de fato
fossem implantadas nestes países, suas consequências seriam altamente
destrutivas, principalmente para todas as massas de trabalhadores que já vivem
próximos da inanição e que correriam o risco de realmente morrerem de fome caso
se aumentasse desnecessariamente os custos de se empregá-los — seja por meio
de um aumento arbitrário de seus salários ou pela exigência de que suas condições
de trabalhado sejam melhoradas, sendo que esta última inevitavelmente viria à
custa de seus salários, algo que eles não podem se dar ao luxo bancar.
Uma
das mais elementares proposições da ciência econômica é que, quanto maior for
preço de um bem ou serviço, menor será a quantidade comprada. Isso se aplica tanto para bens e serviços
quanto para a mão-de-obra. Se os
salários em Bangladesh forem arbitrariamente elevados por um decreto
governamental, menos trabalhadores serão empregados. Neste caso, aqueles trabalhadores que hoje
ganham salários baixos passariam a não ganhar salário nenhum. Morreriam de fome. Se os empregadores em Bangladesh forem
obrigados a fazer aprimoramentos nas condições de trabalho de uma forma que não gere aumento nas receitas — e,
sendo empreendedores visando ao lucro, é de se esperar que eles já tenham feito
todos os aprimoramentos que possibilitem aumentos nas receitas —, então o
custo destes aprimoramentos será o equivalente a um aumento nos salários. Novamente, o resultado será o desemprego.
Neste
cenário, o desemprego poderia ser evitado somente se os salários dos
trabalhadores fossem reduzidos o suficiente para compensar os custos dos
aprimoramentos. Sendo assim, a situação
seria comparável a fazer os trabalhadores utilizarem seus já magros salários para
pagar por melhorias que eles simplesmente não têm condições de bancar.
Estas
não são as consequências que os defensores da imposição de padrões trabalhistas
querem. O que eles querem são maiores
salários e melhores condições de trabalho.
Mas o problema é que eles não se dão conta do que realmente é necessário
para se alcançar estes resultados.
E
o necessário para se alcançar estes resultados é permitir que as empresas em
Bangladesh e ao redor de todo o mundo pobre tenham liberdade para operar, para
ser tão lucrativas quanto possível. (Já
deveria estar mais do que óbvio que a perda total de um edifício que abrigava
fábricas e máquinas não foi algo
lucrativo, e que embora possa ser legítimo denunciar o proprietário do edifício
por negligência e imprudência criminal, é simplesmente absurdo denunciá-lo por
"estar em busca do lucro", pois o que ele realmente conseguiu, e não poderia ter
conseguido outra coisa por meio desta conduta, foi um prejuízo total.)
Os
altos lucros que podem ser auferidos em um país de Terceiro Mundo — caso não
sejam tributados ou obstaculizados por um excesso de barreiras — serão
poupados e investidos majoritariamente naquele mesmo país de Terceiro
Mundo. Como a experiência de Taiwan, da
Coréia do Sul e até da própria China comprova, uma geração deste processo já é
o suficiente para resultar em uma vasta acumulação de meios de produção no país
— isto é, de numerosas novas fábricas, com equipamentos e maquinários cada vez
melhores e mais produtivos. Isso, por
sua vez, resulta em uma intensa procura por mão-de-obra, o que leva a um
aumento dos salários. E à medida que os
salários sobem, os trabalhadores podem se dar ao luxo de aceitar aumentos
salariais cada vez menores em troca
de melhores condições de trabalho, as quais serão implantadas justamente à
custa deste aumento salarial.
A
liberdade econômica, e não a interferência estatal, é a estrada que leva à
riqueza das nações.
__________________________________
Leia
também: O livre mercado e a
segurança no trabalho