Trinta anos atrás, a Escola Austríaca de Economia, e mais
precisamente a tradição misesiana, estava em completo declínio. O número de misesianos era tão pequeno que
todos eles se conheciam pessoalmente e não seriam capazes de lotar uma van.
Margit von Mises, a viúva de Ludwig, se esforçava sozinha
para manter suas obras em circulação, tentando evitar que o legado de seu
marido caísse no mais completo esquecimento.
Foi diante deste cenário que Lew
Rockwell contemplou a criação do Mises Institute,
com
o intuito de promover a Escola Austríaca em geral, e a vida e a obra de
Ludwig
von Mises em particular.
A primeira pessoa com quem
Lew entrou em contato foi Margit, que aprovou a ideia e concordou em
participar, mas com uma condição: que Lew prometesse que dedicaria sua
vida a este objetivo. Promessa feita, Margit se tornou a primeira
presidente do Instituto. Logo depois, Lew procurou Murray
Rothbard, que recebeu a notícia da criação da instituição com enorme júbilo
e literalmente irrompeu em aplausos e gargalhadas de satisfação. Rothbard imediatamente se tornou o
vice-presidente acadêmico da instituição.
Pouco tempo depois, Ron
Paul se juntou à ideia e se tornou um conselheiro, tendo papel fundamental
nas primeiras arrecadações de doações. F.
A. Hayek, Henry
Hazlitt e Hans
Sennholz apoiaram fervorosamente a criação do Instituto.
Lew Rockwell cumpriu à risca a promessa feita a Margit e
continua até hoje à frente do Mises Institute.
De lá para cá, graças aos seus doadores e acadêmicos, o cenário mudou
muito. O Mises Institute disponibiliza gratuitamente para o mundo inteiro,
através de seu website, milhares — literalmente — de artigos, vídeos e monografias
acadêmicas, além de todas as obras tanto de Mises quanto dos outros decanos da
Escola Austríaca, que é a escola de pensamento econômico que mais cresce no
mundo. O site do Mises Institute é hoje
a mais completa e acessível fonte de conhecimento econômico disponível no
sistema solar.
Durante seus 30 anos de existência, o Mises Institute promoveu
cursos, seminários e palestras que formaram acadêmicos como Tom
Woods, Peter
Klein e Robert
Murphy, e todos os anos, jovens cada vez mais brilhantes são ali educados.
Aqui no Brasil, a história não se difere muito da
ocorrida nos EUA. A Escola Austríaca
sempre foi um elemento desconhecido no meio acadêmico; apenas um pequeno círculo de pessoas conhecia
a EA, e tudo por causa do abnegado trabalho do Instituto Liberal, que, apesar
de não ser um centro de Escola Austríaca, traduziu algumas obras de autores
austríacos como Mises e Hayek ainda nos anos 1980.
No entanto, embora esse grupo já fosse diminuto, aconteceu com ele
aquilo que
parecia impossível: ele se reduziu ainda
mais quando ocorreu no país aquilo que a esquerda gostosamente rotula de "onda
neoliberal", que se iniciou com as "privatizações" de Collor e FHC. Os institutos liberais perderam força, público
e as pessoas se dispersaram. Alguns dizem
que houve um certo relaxamento, pois muitos desses empreendedores das ideias
liberais pensaram, à época, que suas teorias já haviam ganhado a necessária aceitação.
Os relatos do professor Ubiratan
Iorio são elucidativos sobre esse período.
De lá para cá, a perda de espaço das ideias pró-liberdade
foi fragorosa. O que se viu foi uma fulminante
e irrefreável ascensão das ideias intervencionistas e estatizantes, das ideias contrárias
à liberdade individual e empreendedorial.
Tais ideias são hoje aceitas, quase que sem nenhuma resistência, por
praticamente todos os veículos midiáticos.
Porém, as ideias — principalmente as corretas — têm um
poder que não deve jamais ser subestimado, por mais
que a situação pareça perdida. Ainda mais
poderosas são aquelas ideias que não apenas revelam verdades científicas, como também, e
simultaneamente, defendem a liberdade. No começo da era virtual, os fóruns de debate
e redes sociais serviram para mostrar que essas ideias não haviam desaparecido; que alguns — poucos,
é verdade
— ainda
as carregavam, de forma fragmentada e isolados; e que, mesmo sob essas condições adversas, eram capazes de enfrentar, de
forma racional, elegante e praxeológica, batalhões de furiosos
intervencionistas e apologistas da supremacia estatal sobre o indivíduo.
Estes oponentes, perdidos e desesperados, se perguntavam: "Quem
são esses? Como eles conseguem debater
de forma lógica e clara? De onde vêm esses
argumentos 'nunca antes vistos e ouvidos na história deste país'?"
O "segredo" desses poucos era um só: Ludwig von Mises. A internet
havia quebrado o monopólio
da informação dos órgãos de imprensa, quase sempre aliados aos governos
(pois sempre
dependeram amplamente de anúncios feitos em suas páginas por empresas
estatais). As ideias em prol da liberdade haviam sido
desacorrentadas. Todo o arcabouço
teórico que estava escondido pela academia — também essa inteiramente
pró-estado
— começou a aparecer, e a situação agora estava fora de controle. Quem
eram esses "revolucionários"? Pessoas com algum conhecimento em inglês e
que, de forma dedicada, se entregavam às leituras dos artigos do Mises
Institute americano, que foi a pedra angular dessa revolução
intelectual. Os que aqui debatiam nada mais eram que leitores
vorazes das publicações daquele.
Consequentemente, inspirados pelo poder das ideias, alguns
deles deduziram que, se as ideias têm consequências, então, o que tinha de ser
feito seria espalhar as ideias de uma forma clara para um número cada vez maior
de pessoas. Nada mais lógico do que
colocar este tesouro civilizacional (como chamamos
a Escola Austríaca) à disposição dos brasileiros, em nossa língua mãe.
Disso surgiu, em março de 2008, o IMB — Instituto
Mises Brasil. Nossas
atividades nada mais são do que espalhar as ideias pró-liberdade, pró-livre
iniciativa e pró-indivíduo: artigos diários, vídeos, entrevistas, animações, tradução e publicação de
livros, conferências, debates, toda sorte de atividade que envolva o ambiente
intelectual. É nossa crença que qualquer
mudança positiva nos campos políticos, culturais, educacionais será efêmera se não
estiver devidamente fundamentada em ideias sólidas. Toda e qualquer mudança positiva tem de ser
precedida por uma batalha no campo das ideias. Sem a difusão de ideias racionais, o ser
humano sempre acaba se deixando levar pela emoção. E emoção e economia são duas coisas que, sempre
que foram misturadas, geraram tragédias e carnificinas.
Para ajudar na difusão destas ideias sólidas e racionais, sempre
contamos com um herói oculto, anônimo, um herói que entende
perfeitamente o que estamos fazendo e que permite que nossos talentos neste verdadeiro
campo de batalha (a guerras entre ideias) tenham vazão. Este herói é o doador.
O Mises Brasil é uma instituição sem fins lucrativos mantida
inteiramente por meio de doações de voluntários que, assim como Mises,
acreditam que ideias são
mais poderosas que exércitos e que somente ideias podem iluminar a
escuridão e mudar o mundo.
É para nós um motivo de imensurável alegria receber
depoimentos de leitores que nos relatam, com toda a sinceridade, como sua visão
de mundo mudou completamente após ter conhecido o site. Há pessoas recém-chegadas que nos escrevem
apenas para dizer que nosso site não apenas é leitura diária obrigatória, como
também é o objeto de estudo que toma mais de 3 horas de sua rotina diária, tamanha é a
voracidade com que nossos mais de 1.600 artigos são lidos por elas com o objetivo de "tirar
o atraso" gerado por anos de doutrinação estatizante. E há aqueles que relatam como se tornaram
pessoas melhores simplesmente pelo fato de terem tido contato com ideias que
pregam a não-iniciação de agressão contra inocentes e que explicam por que
devemos respeitar aqueles indivíduos que trabalham de maneira extenuante apenas
para nos ofertar bens e serviços. Para nós,
este reconhecimento é inestimável.
O keynesianismo dominante está ruindo à medida que as
crises ao redor do mundo vão se intensificando, o crescimento econômico vai se
esvaindo e as respostas fornecidas pela corrente dominante são sempre mais do
mesmo. Eles estão perdidos. Todos os seus planos para prevenir crises
acabam gerando crises e todas as suas receitas para contornar os efeitos das crises
acabam intensificando ainda mais estes efeitos, e causam crises ainda piores no
futuro. Este paradigma tem de ser
substituído e, se o Instituto Mises obtiver sucesso, a insanidade econômica
será substituída pela sólida ciência econômica, e a ignara ideia estatista de
se resolver tudo na base do intervencionismo, da imposição de ordens, e da
agressão — atitudes estas que só geram mais e piores problemas — será
substituída pela alternativa pacífica e voluntária da paz nas relações
interpessoais.
Com o corporativismo-socialismo em marcha em todo o mundo,
e com especial intensidade no Brasil, é de extrema importância mantermos um
canal pró-liberdade destemido, inflexível, inovador e eficaz. É por isso que, em 2013, o IMB dará um salto
e passará a batalhar em novos fronts. Nossa
revista acadêmica, que tem o objetivo não apenas de penetrar o inexpugnável mundo
dos intelectuais universitários, mas também de se tornar uma voz influente
neste meio, já está em fase final de preparação. Palestras
on-line começarão já semana que vem, e o tema inicial não poderia ser mais propício:
Como Paradigmas São
Quebrados.
E paradigmas podem e realmente são quebrados. Mas, para tanto, é necessário que as ideias
ganhem momentum, e com quanto mais
pessoas o Mises Brasil puder contar, maiores as chances de sucesso. Por isso não
apenas pedimos aos nossos leitores que se associem ao instituto — o que dá
direito a vantagens exclusivas —, mas que também nos ajudem com o
prosseguimento de nossas atividades.
Pelo preço equivalente a 1 grama de ouro você recebe uma
carteirinha de associado do Mises Brasil. Clique aqui e associe-se. Caso queira apenas
fazer doações, com a regularidade que quiserem, este é o canal.
Nenhum indivíduo poderá estar seguro se
a sociedade em que vive estiver se encaminhando para a destruição.
Portanto, cada indivíduo, para seu próprio bem, deve se lançar vigorosamente
nesta batalha intelectual. Ninguém pode se dar ao luxo de ficar
indiferente e impávido; os interesses de todos dependem do resultado.
Queira ou não, cada homem fará parte dessa grande batalha histórica, essa
batalha decisiva em que fomos jogados pelos atuais eventos.
Ludwig von Mises