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Economia

O Papai Noel seria bem-vindo?

26/12/2014

O Papai Noel seria bem-vindo?

Figura quase onipresente no mês de dezembro, o Papai Noel está em shopping centers, peças publicitárias, enfeites e muito mais.  Todo esse carinho tem motivo claro: o bom velhinho recompensa as crianças que tenham se comportado bem ao longo do ano com presentes que ele mesmo distribui na madrugada do dia 24 para o dia 25 do referido mês.  Tudo gratuitamente. 

Para mim, o único problema dele é a inexistência. Mas pode ter certeza: se o Papai Noel existisse, seria odiado pela maioria dos proeminentes políticos e economistas. 

Por quê?  Simples: como tais pessoas tendem a ser hostis à entrada de produtos estrangeiros melhores ou mais baratos do que os nacionais, é óbvio que não iriam gostar que um groenlandês entrasse no país e distribuísse brinquedos gratuitamente. 

Ao tentarem impor barreiras ao bom velhinho, provavelmente o acusariam de dumping, de maltratar suas renas ou de escravizar os duendes, tudo com o intuito de enquadrá-lo como praticante da "concorrência desleal" ou coisa parecida.  No entanto, não há dúvidas de que seria a mera atitude de dar presentes que faria o Papai Noel ser pintado como um sabotador da economia nacional, responsável pelo fim de empregos e pelo enfraquecimento da indústria.

Teriam razão?  É claro que não.  A ideia de que importações são maléficas possui claras pitadas de nacionalismo e xenofobia, mas sua raiz é mais profunda.  Dado que a existência de uma necessidade não satisfeita é o pressuposto de toda e qualquer atividade econômica, os ignorantes em economia dizem que o fim de uma necessidade ou a sua total satisfação são eventos que devem ser evitados, pois provocariam uma diminuição da atividade econômica.  Seguindo-se essa lógica, quem odeia importações também odeia máquinas e certamente acredita que guerras e desastres naturais têm efeitos positivos para a economia.  Um grande equívoco! 

O aparecimento de soluções mais eficientes para certos problemas de fato prejudica o pequeno grupo que está acostumado a ganhar dinheiro lidando com esses problemas, mas beneficia aqueles que sofrem com tais problemas, pessoas que certamente formam um grupo bem maior.  Além disso, o pequeno malefício é passageiro, visto que os beneficiários buscam satisfazer outras de suas infinitas necessidades, demandando soluções para outros problemas, antes preteridos.   

Sendo assim, é correto afirmar que a existência do Papai Noel seria nefasta para fabricantes de brinquedos e afins, mas é preciso destacar que a economia nos gastos natalinos possibilitaria aos pais de crianças bem comportadas a aquisição de outros produtos e serviços -- o que não apenas aumentaria o conforto material deles, mas também direcionaria a energia produtiva do setor de brinquedos para os setores contemplados. 

Com as importações comuns (em que se busca lucro) ocorre o mesmo fenômeno, embora, infelizmente, sem a mesma intensidade de um presente dado por Papai Noel, pois a quantia economizada por quem compra os produtos importados não é tão grande quanto -- afinal, está havendo apenas uma compra mais barata, e não uma doação. 

As práticas protecionistas, portanto, criam barreiras à entrada de soluções, o que é economicamente equivalente a criar novos problemas.  É como se o Estado furasse pneus em prol de borracheiros.  Ora, não precisamos de mais dificuldades no caminho da prosperidade.  Basta!  Soluções são bem-vindas e ponto final.  O Papai Noel infelizmente não existe, mas tem muita gente disposta a atravessar o mundo para nos servir um pouco melhor.  Por que recebê-los mal?

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Veja todos os nossos artigos sobre protecionismo.


Sobre o autor

Bill Mantum

É homeschooler de três filhos e autodidata em economia.

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