PODCAST 54 - FERNANDO ULRICH
O que deu errado em 2012 no que tange à economia brasileira? Foi essa a pergunta que serviu de mote para o ótimo texto escrito por Fernando Ulrich, conselheiro do Instituto Mises Brasil,
para este site no final de dezembro do ano passado. Ao diagnóstico nada
animador feito por Ulrich listava se somava uma série de medidas que,
ele, de forma muito elegante, dizia se tratar apenas de um vislumbre da
hiperatividade exercida pelo atual governo brasileiro sobre a economia.
A
lista de intervenções elaborado por Fernando, que atua na área de
finanças corporativas, incluía os vários incentivos fiscais para setores
favoritos do governo, a manipulação meticulosa de impostos sobre
empréstimos estrangeiros, as seguidas intervenções do Banco Central no
mercado de câmbio, a manipulação da taxa oficial de inflação — o IPCA —
mediante alterações nas alíquotas de impostos incidentes sobre vários
produtos, o "controle" da dívida e do déficit público através de
criativos mecanismos contábeis, a expansão do crédito pelos bancos
públicos por ordem direta do governo para satisfazer interesses
politicos, o subsídio às exportações, a interferência direta do
Ministério da Fazenda na gestão de empresas estatais e privadas como
Petrobras e Vale, e a redução por decreto das tarifas de energia
elétrica.
Segundo explicou Ulrich nesta segunda entrevista ao Podcast do Mises Brasil (a primeira pode ser ouvida aqui),
essa intervenções, juntas, criam um ambiente altamente nocivo para a
iniciativa privada e geram os piores incentivos, além de revelar a
mentalidade do atual governo. "A maneira como as equipes da Dilma e do
Mantega enxergam a economia me remonta àquele filme do Charlie Chaplin
operando aquelas máquinas (Tempos Modernos), apertando um botão,
soltando a manivela, gira outro botão, pressiona aquele. Acho que é
assim que eles enxergam como a economia funciona; que basta
microgerenciar cada aspecto da economia que você vai conseguir levá-la
para o lugar que você quer".
Nesta entrevista, o conselheiro do
Mises Brasil também fala sobre as incertezas e a insegurança provocadas
pelas intervenções e de que forma os conhecimentos da Escola Austríaca
pode ajudar empreendedores e analistas a lidar com esse ambiente. E
também explica qual a consequência, para o mercado, do fato de o BNDES
"tomar empréstimos a prazos extremamente longos, conceder empréstimos de
maturação bastante curta, e, em todo este processo, auferir altos
lucros oriundos de um spread positivo".