ENTREVISTA 45 - RICARDO CAMPELO DE MAGALHÃES
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no início desta entrevista ao Podcast do Mises Brasil, o consultor
financeiro e mestre em Economia e Gestão Internacional Ricardo Campelo
de Magalhães é provocado com uma questão de extrema importância para o debate sobre a
possibilidade de aplicação política do liberalismo: governo liberal é
oximoro? "Sou tentado a concordar que, regra geral, um governo liberal é
oxímoro. Olhando para a história europeia e para os vários governos
europeus, o que eu vejo é que boas medidas do ponto de vista liberal só
são tomadas na mais extrema necessidade. Quando já não for possível
manter o sistema atual então vai se dar uma mexida, e será uma coisa
rápida, num sentido mais liberal. E, depois, vai tender para mais
socialismo, mais socialismo e de forma lenta, até chegar um ponto em que
cai outra vez. A tendência é sempre para o socialismo".
Economista
da Escola Austríaca, Ricardo, que nasceu em Portugal e morou em São
Paulo em 2008, onde trabalhou como consultor na área financeira, fez uma
análise sobre a grave situação econômica e política portuguesa, que, em
certa medida, realça problemas de intervenção do estado na economia e
os erros de política-econômica que também enfrentamos no Brasil. "A
situação de Portugal é muito preocupante porque estamos nesse ciclo
keynesiano durante muito tempo. Começamos a democracia em 1974 com
muitas reservas de ouro e um baixo nível de endividamento do estado. E
hoje já estamos com um nível de endividamento igual ao que Portugal
tinha quando entrou em bancarrota no final do século XIX".
Mas
se a situação de Portugal é calamitosa mesmo o país estando inserido no
euro, o problema poderia ser ainda mais grave se ainda existisse a
moeda nacional à disposição do governo. Ricardo se alinha ao argumento
do professor Jesús Huerta de Soto,
que atribui à moeda única a possibilidade de exercer uma função
parecida com o padrão-ouro defendido pelos austríacos ao coibir e
limitar as decisões arbitrárias de políticos e burocratas e disciplinar o
comportamento de todos os agentes que participam do processo
democrático.
"No caso de Portugal, eu prefiro
claramente a moeda única ao escudo porque eu confio mais no governo e
nos economistas alemães para definir a política monetária do que confio
nas elites de Lisboa (elites políticas portuguesas). Eu já sei que se
fossem estas a definirem a política monetária estaríamos perante
desvalorizações competitivas constantemente, como acontecia antes de
entrarmos no euro. A entrada no euro disciplina porque não conseguimos
mais emitir moeda, ter todos aqueles défices e financiá-los com emissão
de moeda. Então, o que o euro faz é criar um mini-padrão ouro e, embora
não limite tanto o estado, porque apesar de tudo há algum crescimento da
massa monetária, mas já é um travão", afirmou.
Outro
ponto interessante da entrevista foi a explicação sobre a sua tese de
mestrado. Ricardo, que também é blogueiro do site liberal português O Insurgente,
tentou responder no seu trabalho acadêmico uma interessante e sedutora
questão: "Como lucrar por ser Liberal?" Neste podcast ele explica, com
argumentos econômicos da Escola Austríaca, de que forma fazê-lo. "Se eu
acredito que essa minha concepção liberal é a mais correta e que a
escola de economia que eu sigo é superior eu queria arranjar uma
estratégia de investimento para ganhar dinheiro com isso".