"Alta dos juros pode se tornar ineficaz para controlar a inflação; entenda"
Pessoal, quem aqui não se lembra daquela discussão de "dominância fiscal" que houve no Brasil, no começo de 2016? Pois então, voltou pelo jeito.
O aumento dos juros não necessariamente implica no aumento do custo de manter a dívida. Durante os anos Lula, a SELIC brasileira dificilmente
ficava abaixo dos 10 % a.a. e nessa época até se conseguia um superávit primário (em 2003 foi conseguido um superávit primário de 4,3 % com juros bem altos). Desde 2014, estamos sem superávit primário e, apesar disso, os juros seguem historicamente baixos. O endividamento começou a cair mesmo no governo Temer, quando a economia passou a se recuperar e ele domou os bancos estatais.
Apesar da brutal redução da taxa de juros SELIC, o decréscimo nas despesas com os juros foi ínfimo: o gasto com juros foi de R$ 312,427 bilhões em 2020, enquanto em 2019 foi de R$ 367,282 bilhões, portanto uma economia de aproximados R$ 54,85 bilhões. Isso não paga nem metade do orçamento do Ministério da Saúde (e muito menos o que foi gasto com auxílio emergencial). Além disso, apenas uma parte dos títulos governamentais é atrelada à SELIC (em 2020, foi de
25,3 %). Ainda há os títulos atrelados ao IPCA: se a SELIC cai e o IPCA aumenta (que é o que está acontecendo agora), as despesas para pagar esses títulos aumentam, já que o IPCA subiu. Os títulos prefixados também entram nessa, sofrendo variação positiva no percentual com a expectativa futura de inflação pelos investidores.
Leandro
tinha razão. Quem quiser ver, tem também
esse artigo.