Você está correto ao dizer que a moeda depende do governo (e de tudo isso que você citou), mas está errado ao dizer (ou dar a entender) que juros não resolvem nada.
Sim, a moeda estatal depende da qualidade do governo, e se o governo for ruim, então este governo terá de pagar bem mais caro para ter uma moeda boa. É aí que entram os juros.
Ao passo que um governo bom consegue uma moeda forte e demandada em troca de juros baixos (suíço, americano, japonês, britânicos e europeus em geral), um governo ruim (como qualquer um da América Latina) só consegue esta mesma moeda se estiver disposto a pagar bem mais caro (via taxa básica de juros).
Quer moeda forte? O governo tem de pagar por isso (afinal, a moeda é estatal e monopólio do governo).
Só que o Brasil hoje tem a segunda menor taxa de juros real do mundo (só perde para a Arábia Saudita). Ela está em - 2,45% (sim, negativos dois vírgula quarenta e cinco por cento).
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Ou seja, o governo brasileiro não só não está disposto a pagar para ter uma moeda boa, como, na verdade, está cobrando do resto do mundo pelo "privilégio" de o real existir.
É claro que tal arranjo só podia dar em merda.
Ah, e só para deixar claro: não serão pequenas subidas de 0,5 ponto percentual na Selic que irão melhorar tudo. Para os juros reais deixarem de ser negativos, a Selic tem de ir para mais de 6% (pois é, esse é o estrago). Qualquer Selic abaixo disso não vai adiantar.