Agradeço ao leitor Maurício Gonçalves pela
dica deste precioso vídeo. O keynesiano Luiz
Carlos Mendonça de Barros, no programa Entre
Aspas, da Globo News, após começar com aquele discurso de praxe contra a
necessidade de se cortar gastos na economia americana, acaba fazendo as
seguintes confissões:
(Observação: infelizmente, o vídeo original foi removido pelo autor, de modo que o vídeo acima não mais corresponde ao vídeo comentado neste artigo.)
Aos 12:50 minutos:
Acho Krugman um
sujeito inteligente, muito preparado, mas eu.... que bebo na mesma água que
ele, keynesiana, esse negócio todo.... eu estou meio depressivo porque era pra funcionar! Tudo que o Banco Central fez, tudo o que o
Obama fez ... [era pra ter funcionado]...
Aos 13:53 minutos, fazendo carinha de
cachorrinho pidão:
Mas eu acho que [a
estagnação americana] não explica a falência do modelo keynesiano... Eu acho é que ... o que tem é que... junto
disso, você tem um colapso do sistema bancário americano e no mundo todo.
Exato, Mendonção. Tal colapso é uma
consequência inevitável do atual arranjo monetário, preconizado por Keynes e
também pela Escola de Chicago:
1) Bancos Centrais manipulando os juros por
meio da irrestrita impressão de dinheiro de papel sem nenhum lastro, e
obrigando — por meio do governo — as pessoas a utilizarem esse dinheiro.
2) Bancos Centrais cartelizando todo o
sistema bancário de reservas fracionárias, protegendo-o contra qualquer tipo de
concorrência monetária, e permitindo que eles expandam ainda mais a quantidade
de dinheiro que os bancos centrais criaram, distorcendo ainda mais as taxas de
juros.
Nesse atual arranjo monetário em que o mundo
vive, o aumento do crédito na economia não mais se dá de acordo com aquilo que
as pessoas poupam (deixam de consumir), mas sim de acordo com as políticas dos
bancos centrais e de acordo com a propensão do sistema bancário em criar
empréstimos por meio de suas reservas fracionárias. Essa contínua manipulação da oferta monetária
— feita tanto pelos bancos centrais como pelo sistema bancário — altera toda
a realidade das taxas de juros, as quais deixam de sinalizar se há escassez ou
abundância de recursos, e passam apenas a estimular o endividamento excessivo. Os investimentos passam a ser financiados não
pela poupança, mas pela simples impressão de dinheiro — como se um simples
aumento na quantidade de dinheiro magicamente fizesse com que houvesse maior
abundância de bens disponíveis.
Um sistema bancário que pratica reservas fracionárias
é naturalmente insolvente,
bastando apenas alguns calotes (como ocorreu nos EUA e está ocorrendo na
Europa) para tornar explícita essa sua inerente debilidade — alguns calotes fazem
com que todo o sistema bancário mundial fique em pânico. (Se um grande supermercado quebrar lá em
Taiwan, será que toda a rede mundial de supermercados também virá abaixo e o
mundo ficará sem comida?)
Uma vez que essa insolvência se torna
explícita e o pânico toma conta dos mercados financeiros, governos e bancos
centrais implementam sucessivas rodadas de pacotes de socorro para proteger
esse setor privilegiado, jogando a fatura para os cidadãos comuns.
Mas você não vai ver Keynes explicando
isso. Daí o espanto de Mendonça.
Finalmente, aos 14:40 minutos, ele confessa o
fracasso intelectual dessa doutrina nefasta que vem destruindo as economias
mundiais:
Eu particularmente
nunca tive tão humilde na minha profissão como eu tô hoje. Eu não tô entendendo
o que tá acontecendo...
Dica ao Mendonção: o senhor não está
entendendo o que está acontecendo simplesmente porque desperdiçou sua vida
lendo panfletos ideológicos, e não ciência econômica verdadeira. Passou a vida estudando aquilo que
governantes gostam de ouvir, e não aquilo que eles realmente deveriam
fazer. Caso tivesse se livrado de suas
ideologias de juventude, poderia estar vendo o mundo com mais clareza hoje, e
não estaria tão perdido assim.
O problema é que a evidência raramente
consegue mudar a mentalidade de um indivíduo contaminado pela ideologia. Na melhor das hipóteses, a evidência serve
apenas para validar a sua crença. Eu,
por exemplo, deixei de ser keynesiano (ei, eu também já fui adolescente!) e
passei a seguir os preceitos da Escola Austríaca de economia não porque quisesse me juntar a alguma corrente, mas simplesmente
porque eu não estava viciado em nenhuma ideologia; eu não tinha um pacote de
crenças pré-concebidas que eu deveria defender árdua e cegamente, por mais
que as evidências me contrariassem. Eu
simplesmente queria descobrir a verdade.
É perfeitamente possível entender essa fé
cega que determinadas pessoas têm no keynesianismo. Se você investiu toda a sua vida e toda a sua
carreira acadêmica ou profissional defendendo teorias keynesianas, ou se a sua
fé no estado é aquilo que dá sentido à sua vida, divorciar-se da economia
keynesiana seria um choque e tanto.
Dependendo da idade do sujeito, o estrago pode ser irreparável (mais ou
menos como a onda de suicídios que acometeu os comunistas românticos e bem
intencionados quando eles souberam das chacinas promovidas por Stalin).
Se você quiser realmente aprender a verdade,
entender como as coisas de fato funcionam (e isso vale para absolutamente
qualquer área), seu estado de espírito não pode estar viciado; você não pode se
deixar contaminar por nenhum "pré-conceito".
Tenha sempre a mente aberta, não se deixe contaminar por vícios de
juventude, não se prenda a ideologias e utilize sempre a razão.
Acima de tudo, siga sempre este princípio: para
realmente descobrir a verdade, você tem de ter um estado de espírito que não se
deixa afetar pelas consequências de suas novas descobertas. Não se permita um estado de espírito que provoque
estragos em sua vida dependendo de suas novas conclusões.
Aparentemente, é esse conflito interno que
vem afetando Mendonção.