sexta-feira, 21 0aio 2010
Em um livre
mercado, a demanda sempre será em função do preço: quanto maior o preço, menor a
demanda. O que é surpreendente para a
maioria dos políticos é que essas regras valem igualmente tanto para os preços
quanto para os salários. Quando os
empregadores avaliam suas necessidades de capital e mão-de-obra, o custo é um
fator primordial. Quando o custo de se
contratar mão-de-obra pouco qualificada aumenta, vários empregos serão
liquidados. Não obstante tudo isso,
aumentos do salário mínimo sempre são vistos como um ato de benevolência
governamental. Nada poderia estar mais
distante da verdade.
Quando algum
encanamento da nossa casa entope, qual o procedimento padrão que normalmente
seguimos? Fazemos um levantamento de preços com vários bombeiros hidráulicos e
contratamos aquele que tem o melhor preço.
Se todos os preços forem altos, a maioria de nós irá preferir pegar uma
chave inglesa e uma soda cáustica, e fazer o serviço por conta própria. O mercado de trabalho funciona da mesma
forma. Antes de contratar outro
empregado, o empregador precisa estar certo de que esse novo empregado irá trazer
um acréscimo de produtividade que exceda esse custo suplementar (o qual inclui
não apenas o salário, mas todos os encargos sociais e trabalhistas.) [Para ver
os números do Brasil, clique
aqui].
Assim, se um
trabalhador pouco qualificado for capaz de contribuir com apenas $6 por hora em
termos de aumento de produtividade, tal indivíduo estará desempregado caso o
salário mínimo seja fixado em $7,25 a hora.
Os trabalhadores
pouco qualificados precisam lutar pelo dinheiro do empregador. E para isso eles têm de disputar tanto com os
trabalhadores qualificados quanto com o capital (o maquinário). Por exemplo, se um trabalhador qualificado cobra
$14 a hora para fazer um serviço que dois trabalhadores menos qualificados
cobram $6,50 cada, seria economicamente sensato um empregador contratar a
mão-de-obra menos qualificada.
Entretanto, se o governo aumentar o salário mínimo para $7,25 a hora,
esses trabalhadores menos qualificados serão "precificados para fora" do
mercado de trabalho.
É exatamente por
causa dessa dinâmica que os sindicatos são ferrenhos defensores das leis do
salário mínimo. Embora nenhum de seus
membros receba o salário mínimo, a lei ajuda a protegê-los da
concorrência dos trabalhadores menos qualificados. (Sindicato nada mais é do que isso: um cartel
protegido pelo estado e que expulsa do mercado de trabalho aqueles
trabalhadores menos qualificados - ao mesmo tempo em que utiliza a retórica da
proteção aos desfavorecidos.)
Os empregadores
também têm a opção de empregar máquinas ao invés de pessoas. Por exemplo, um empregador pode contratar uma
recepcionista ou investir em um sistema de atendimento automatizado. Ele fará o que for menos custoso. Assim, da próxima vez que você estiver gritando
obscenidades ao telefone enquanto tenta dialogar com um computador, você já
sabe em quem colocar a culpa por sua frustração.
Há vários outros
exemplos de empregadores que substituem a mão-de-obra humana pelo maquinário simplesmente
porque o salário mínimo deixou os trabalhadores menos qualificados pouco
competitivos. Por exemplo, nos aeroportos,
os carregadores de mala foram substituídos pelos carrinhos de mão (embora aqueles
ainda existam informalmente). A
principal razão por que os restaurantes fast-food
utilizam pratos de papel e utensílios de plástico é para não ter de contratar
pessoas para lavá-los.
Como resultado,
muitos daqueles trabalhos que exigiam pouca qualificação e que costumavam ser o
primeiro degrau da escada do mercado de trabalho foram exterminados do
mercado. Você consegue se lembrar da
última vez que um lanterninha o conduziu até seu assento em um cinema
escuro? Qual foi a última vez que alguém
- além do indivíduo que fica no caixa - não apenas empacotou suas compras no
supermercado, mas também as levou até seu carro? Por falar nisso, não demorará muito para que
os próprios caixas sejam "precificados para fora" do mercado e substituídos por
scanners automáticos, fazendo com que você tenha de empacotar suas comprar sem
qualquer ajuda. Você pode até ser capaz
disso, mas e as pessoas de mais idade?
O desaparecimento
desses empregos traz consequências econômicas e sociais mais amplas. Os primeiros empregos que conseguimos são um
meio de aperfeiçoarmos nossas habilidades, de modo que trabalhadores menos
habilidosos possam adquirir experiência e, com isso, oferecer maior
produtividade para seus empregadores atuais ou futuros. À medida que suas habilidades aumentam, o
mesmo ocorre com sua capacidade de obter salários maiores. Entretanto, remova o degrau mais baixo da
escada do mercado de trabalho e muitos nunca mais terão a chance de subir nela.
Portanto, quando
você mesmo tiver de abastecer seu carro em um posto sob chuva, não pense apenas
naquele adolescente que poderia estar fazendo isso pra você; pense também no
mecânico que ele poderia ter se tornado, caso as leis do salário mínimo não lhe
tivessem negado um emprego. Vários
mecânicos de automóveis aprenderam segredos de seu ofício quando trabalhavam
como frentistas. Entre uma abastecida,
uma lavagem e uma calibragem de pneus, eles passavam boa parte de seu tempo
auxiliando os mecânicos e aprendendo com eles.
Isso vai acabar.
Como o salário
mínimo impede que muitos jovens (inclusive um número desproporcional de
minorias) consigam empregos básicos, eles nunca poderão desenvolver as
habilidades necessárias para aspirar a empregos que paguem melhores salários. Como consequência, vários recorrem à
criminalidade, enquanto outros recorrem ao assistencialismo governamental.
Defensores do
salário mínimo argumentam que é impossível sustentar uma família quando se vive
apenas com um salário mínimo. Sim, é
verdade. Mas isso é totalmente
irrelevante, pois os empregos que pagam salário mínimo não foram feitos para
sustentar uma família.
O certo seria que
as pessoas optassem por não iniciar uma família até que estivessem ganhando o
suficiente para sustentá-las. Empregos
de baixos salários servem para capacitar os trabalhadores a, com o tempo,
adquirirem as habilidades necessárias que os permitirão ganhar salários altos o
suficiente para sustentar uma família.
Será que alguém realmente acha que um adolescente que trabalha como
entregador de jornal deveria ganhar um salário capaz de sustentar
uma família?
A única maneira
de se aumentar salários é aumentando a produtividade. Se os salários pudessem ser aumentados
simplesmente por decreto governamental, poderíamos determinar o salário mínimo
em $10.000 por mês e todos os problemas estariam resolvidos. Já deve estar claro para todos que, nesse
nível, a maioria da população perderia seus empregos, e a mão-de-obra remanescente
seria tão cara que os preços dos bens e serviços iriam disparar. Este é exatamente o fardo que as leis de
salário mínimo impõem aos trabalhadores pobres e pouco qualificados - e, em
última instância, a todos os consumidores.
Dado que nossos líderes não conseguem compreender
sequer este simples conceito econômico, por que ainda há pessoas que acreditam
que eles irão solucionar os problemas econômicos bem mais complicados que nos
assombram atualmente?