As políticas socialistas
do governo venezuelano continuam a criar um genuíno inferno na terra para seus
cidadãos.
A hiperinflação fez com
que sua moeda fosse literalmente
transformada em lixo. As taxas de mortalidade de recém-nascidos,
mães em gestação e idosos dispararam, pois os hospitais estão fechando por falta de
luz, água e medicamentos. Praticamente não há mais remédios no país.
A comida desapareceu dos
supermercados, o que forçou a população a comer cachorros,
pombas,
gatos e animais
nos zoológicos (até mesmo os burros que outrora infestavam as estradas do
estado de Falcón desapareceram;
alguns foram comidos, outros morreram de fome). Uma recente
pesquisa relatou que nada menos que 78% da população do país diz "sentir
fome constantemente e não ter o que comer".
No entanto, essa realidade
não se aplica a todos os venezuelanos.
No início desta semana, o
presidente Nicolás Maduro foi flagrado em um luxuoso
restaurante em Istambul se fartando em caros cordeiros e em outras iguarias
faustosas ao mesmo tempo em que fumava charutos finos e era adulado por um chef
de fama internacional. A conta, obviamente, foi paga com a riqueza que seu
regime esbulhou dos cidadãos venezuelanos.
Mais uma vez, vemos
concretizar o dito de
George Orwell de que, sob o socialismo, "todos os animais são iguais, mas
alguns animais são mais iguais que os outros".
Embora a indignação e a
revolta geradas pela obtusa opulência de Maduro sejam corretas e merecidas,
elas são apenas um ruidoso lembrete de como o socialismo realmente funciona na
prática. Quanto mais controlada se torna uma economia, mais ela beneficia
aqueles que estão no poder.
Embora menos óbvios do que
o banquete de Maduro preparado por chefs famosos, comportamentos deste tipo
ocorrem a rodo em toda a Venezuela. O regime sabe que sua sobrevivência depende
de manter as armas do governo continuamente apontadas para a população do país,
e não para seus próprios membros. Sendo assim, o país é hoje controlado por um
governo que, para se sustentar, suborna os detentores das armas: a polícia e as
forças armadas recebem do governo acesso privilegiado a comida e a suprimentos
em troca de sua lealdade.
O governo venezuelano deu
carta branca para o exército praticar extorsão e receber subornos, desta
maneira ganhando uma lealdade temporária. Segundo reportagem da Bloomberg:
As forças armadas da Venezuela, que já haviam
assumido o controle da distribuição de alimentos, assumiram também o controle
do desesperador e lucrativo comércio de água. Os reservatórios estão secando,
os encanamentos deteriorados e furados estão inundando bairros inteiros e os
cidadãos estão indo embora. Sete grandes pontos de acesso em Caracas, a capital
de 5,5 milhões de habitantes, são agora controlados ou por soldados ou pela
polícia, que também assumiu o controle total de todos os caminhões-pipas
estatais e privados.
Extraoficialmente, soldados determinam para onde
cada caminhão de água e comida deve ir, especificando que os bens devem ser
entregues em endereços de pessoas com conexões com o governo.
À medida que o colapso econômico acelera, o regime
autocrático do presidente Nicolás Maduro vai entregando o controle de
indústrias lucrativas para os 160.000 membros do exército, desde o Arco Minero
del Orinoco (uma região rica em recursos minerais) até altos cargos na estatal
petrolífera, passando pelo cada vez mais precioso controle sobre a água e a
comida.
O governo de Maduro
consegue se beneficiar destes esquemas de várias maneiras. Como relatou
um empresário sul-americano à Associated Press ano passado, uma propina dada ao
funcionário público certo abre as portas para que ele possa importar comida e
bens escassos para a Venezuela para então revender estes itens para o governo
da Venezuela. E ele consegue pagar a propina porque o governo venezuelano paga
a ele um preço bem mais alto do que os mercados internacionais. Ato contínuo, o
governo pega a comida e os bens escassos e os repassa aos militares, que então
conseguem alimentar suas família e vender o resto — em troca de dólares, é
claro.
Na Venezuela atual, o
mercado negro de alimentos é muito
mais rentável que o mercado de drogas. Como ocorre com qualquer outro
mercado negro, os negócios são ainda melhores se forem realizados sob a
proteção do governo, e com a proibição da concorrência. Não apenas o regime de
Maduro criou um mercado negro para membros do governo, como ele também ordena
que a polícia esmague os bachaqueros
— os "vendedores ilegais" — que concorrem com os membros do regime.
E esta não é a única
maneira como aqueles que usufruem privilégios estatais lucram com os horrores
do socialismo.
Como relatou
recentemente o Miami Herald, aqueles próximos a Maduro — inclusive seus
enteados — se aproveitaram de esquemas fraudulentos no mercado de câmbio
controlado pelo governo (há quatro taxas de câmbio controladas pelo governo na
Venezuela, as quais, ao não levarem em conta a hiperinflação da moeda, permitem
enormes lucros). Isso resultou em um processo, que foi aberto em Miami, de US$
1,2 bilhão por lavagem de dinheiro:
No processo federal aberto em Miami, promotores
afirmam que uma rede de empresários e executivos venezuelanos ligados à estatal
petrolífera PDVSA conseguiu rapidamente converter bolívares, então avaliados em
US$ 42 milhões, em nada menos que US$ 600 milhões ao simplesmente simularem um
"empréstimo" para a estatal.
Os executivos emprestavam o dinheiro para a estatal
e, alguns meses depois, a PDVSA recorria ao sistema de câmbio controlado pelo
governo para quitar esse "empréstimo". Como há uma hiperinflação de pesos, mas
o câmbio é controlado pelo governo, os bolívares emprestados se multiplicavam e
aumentavam enormemente seu valor em dólares. De acordo com os documentos
obtidos pela corte federal, os membros escondiam o dinheiro na Europa e nos
EUA, onde compraram mansões no sul da Flórida.
Russell Dallen, um empreendedor de Miami que
gerencia um fundo de investimentos e que já foi proprietário de um jornal na
Venezuela, rotulou o esquema cambial do governo de "moto-perpétuo de dinheiro".
"Esse é dos motivos por que a Venezuela não alterou
seu sistema cambial", disse Dallen, um investidor financeiro que acompanhou de
perto o esquema de lavagem de dinheiro.
Essa corrupção, é claro, não é exclusiva do regime
de Maduro (ela é inerente a todas as economias intervencionistas), mas ela é um
subproduto do sistema socialista que ele herdou. Hugo Chávez ainda continua
popular entre vários venezuelanos, mas foi ele quem intensificou todos esses
esquemas de corrupção. Sua filha, por exemplo, vive uma vida de luxo. A fortuna
dela foi estimada em nada
menos que 4 bilhões de dólares. (E vale lembrar que Fidel Castro acumulou
mais riqueza que a Rainha da Inglaterra).
Conclusão
Incompreensivelmente, apesar de todos os exemplos práticos em
contrário, o socialismo ainda continua sendo vendido
como uma maneira de acabar com as desigualdades que existem em uma economia de
mercado. A realidade, no entanto, é que o socialismo altera apenas a maneira
como o poder e o privilégio são distribuídos. Em uma economia de livre mercado,
a riqueza é obtida por meio de trocas voluntárias e pela satisfação das
demandas dos consumidores. Já no socialismo, ela é obtida por meio da força e
da brutalidade.
E o roteiro é sempre o mesmo:
no início, todo socialista promete salvar a humanidade. No final,
descobre-se que ele sempre queria apenas poderes totalitários e privilégios
nababescos à custa da miséria da população. Por isso, todo socialista, sem exceção, é um "salvador
da humanidade em benefício próprio".
Mais ainda: tudo aquilo que os socialistas dizem ser
a doença do sistema capitalista — a exploração de muitos pelos poucos
privilegiados; uma brutal desigualdade de riqueza e de oportunidade causada por
um arranjo artificial de controle dos meios de produção; a manipulação da
realidade para fazer com que a escravidão pareça aceitável — é exatamente a
natureza e a essência do socialismo.
Para as pessoas na Venezuela, que estão ou fugindo em massa
do país (2,3
milhões de venezuelanos deixaram o país em dois anos) ou morrendo de fome, seu
futuro não será melhorado pela mera substituição de Maduro por um líder
socialista mais "moderado". Só haverá algum futuro quando a população rejeitar
a exata ideologia que vem, há décadas, erodindo a riqueza daquele país que já teve a quarta população
mais rica do mundo.
Até lá, os socialistas que estão no poder, bem como
aqueles que possuem conexões com eles, irão continuar vivendo nababescamente às
expensas de seus conterrâneos.
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