quarta-feira, 23 mar 2022
Aproveitando férias com a família, depois de um dia
de muita diversão, comecei uma aula com meus filhos (13 e 15 anos) sobre
mercado digital, o potencial da internet e o oceano de oportunidades que este
novo mundo apresenta.
Logo após a aula, eles me fizeram uma pergunta:
"Pai,
diante do que você acabou de apresentar, por que as pessoas saem de casa,
passam um tempão no trânsito para chegar a um escritório para trabalhar 10
horas por dia, para em seguida voltarem para casa num enorme engarrafamento em
troca de um salário geralmente baixo?"
Minha resposta não poderia ser mais simples e
direta:
"Porque a
escola não ensina para elas o que estou ensinando agora para vocês. Ao
contrário, a escola ensinou para elas que todos precisam e dependem de um
salário para sobreviver e, por isso, muitos se sujeitam a esse estilo de vida."
Outro dia, um conhecido me fez essa pergunta:
"Flávio,
eu não paro em nenhum emprego. Que conselho você me dá?"
Respondi:
"Quem
disse que você precisa de um emprego fixo? Abra sua mente para um novo mundo e
liberte-se deste mundinho comum que o sistema insiste em lhe enfiar goela
abaixo."
E, todas as vezes que falo sobre isso, alguém me
pergunta:
"Mas,
Flávio, se todo mundo pensar assim, não vai ter mais gente para trabalhar nas
empresas..."
Sempre respondo:
"Jamais
todos vão pensar assim, pois nem todos terão a coragem de sair do fluxo da
boiada. Lá, a maioria se sente ilusoriamente mais segura."
Para
começar, fique longe do sistema educacional convencional
Aparentemente, as pessoas ainda não se deram conta
de como o sistema de ensino convencional, cujo currículo é totalmente comandado
pelo governo via Ministério da Educação, condicionou as grandes
massas à inércia intelectual. Quando não estão doutrinando idéias revolucionárias
de inspiração claramente marxista, apenas ensinam que o ápice da sua aspiração deve
ser ou um concurso público ou um emprego de carteira assinada.
A maioria segue esse fluxo sem questionar. Vivem
desse jeito porque seus pais viveram assim e seus avós também. Por terem se acostumado ao cativeiro, imaginam-se brutalmente inseguras fora dele. A ideia de voarem com suas próprias asas e de caçarem sua própria comida literalmente as aterroriza. Sentem-se com medo de ficarem sem o alpiste e a água no copinho
que consomem diariamente dentro de sua gaiola.
Sim, a escola e a faculdade — ou seja, todo esse
sistema de ensino retrógrado — estão formatadas para formar empregados, e não para criar empreendedores. E isso naquelas
instituições consideradas de excelência. Nas instituições públicas há a prevalência
do fator político voltado para o controle das massas, que usa a prerrogativa do
currículo ministrado pelo governo para doutrinar politicamente jovens dizendo se
tratar de "causas sociais".
Resultado desse show de horrores: de um lado, um
amontoado de jovens desperdiçando seu grande potencial fazendo concursos públicos
(para então viver sugando os impostos dos mais pobres); de outro, mais um
amontoado de jovens sem nenhuma experiência prática disputando a tapa as vagas
de emprego no mercado de trabalho, o que exerce uma pressão para baixo no valor
dos salários.
Consequentemente, por não terem experiência prática
e por causa da enorme oferta de mão-de-obra, aqueles que conseguem a vaga de
emprego recebem salários baixos. E reclamam.
O que eles aparentemente não entendem é que você não
ganha um salário de acordo com sua pessoa ou carisma, mas sim de acordo com sua
capacidade de gerar valor. Acima de tudo, de acordo com sua raridade. Um bom professor é muito importante, mas o Messi é mais
raro e, por isso, é disputado por muitos clubes; e, como consequência desse leilão,
ganha muito mais.
E fazer-se raro é sempre uma consequência de ter a
coragem de sair voando de sua gaiola. Dentro dela, você vale muito menos. Você é
apenas mais um na multidão de escravos modernos que têm um estilo diferente dos
escravos de antigamente. Esses, antes da carta de alforria, tinham até moradia
e comida pagos pelo seu dono. Hoje, os escravos modernos se endividam junto aos
bancos do governo para passar os próximos 30 anos pagando por um apartamento,
entram no rotativo do cartão de crédito até para fazer compras no supermercado,
pagam uma quantia obscena de impostos, pensam que a CLT é um benefício que lhes
dá alguma segurança, pagam contribuição sindical para sustentar pelegos
controlados por partidos políticos, acreditam que as escolas e hospitais
públicos são de graça, e acham normais as mordomias dos donos da corte.
Ao final da vida, sem poupança acumulada, enfrentam a triste fila do INSS
para receber uma aposentadoria gerenciada pelo governo — que, a cada ano,
aumenta o prazo mínimo para receber o benefício e diminui o reajuste.
O máximo que lhes é permitido é ir para o trabalho
resmungando na segunda-feira ou depois de um feriado.
É algum pecado ser empregado? Claro que não. Eu mesmo
tenho milhares deles. É um enorme desperdício, isso sim, você acreditar que não
tem alternativas e, consequentemente, pautar sua vida pela lavagem cerebral
pela qual passou dentro do sistema de ensino.
O
que eu faria se tivesse 18 anos
Recentemente, alguém me perguntou: "Flávio, se você tivesse minha idade (18
anos), com seu conhecimento e experiência, o que você faria?"
Respondi:
1.
Para começar, jamais teria um emprego de carteira assinada.
2.
Jamais me envolveria com pirâmides que prometem ganhos fáceis.
3.
Venderia algum produto. Qualquer um: picolé, bala, bombom, relógio, pão etc. Escolheria
o produto com o qual mais me identifico e estudaria tudo sobre ele.
4.
Em uma segunda fase, depois de conquistar um pouquinho de capital, criaria
modelos recorrentes de venda desse produto, tipo um serviço de entrega de pães
todas as manhãs para os consumidores associados. Eu me dedicaria a vender esse
plano. Tudo sem muito capital, mas que me permitisse começar pequeno e sonhar
grande e com escala.
5.
Viveria com não mais do que 50% do que ganhasse para ampliar meu capital de
giro.
6.
Estudaria, com grande afinco, todas as fases do processo a fim de começar a
fabricar meu próprio produto, e investiria em minha própria marca.
7.
Ampliaria meu mix de produtos.
8.
Criaria canais de distribuição alternativos. Por exemplo, franquias, online,
venda direta, B2B etc.
9.
No auge da companhia, venderia para um fundo, banco ou concorrente, embolsando
uma enorme liquidez.
10.
Com 5% do capital conquistado, começaria tudo de novo e investiria os 95% em
investimentos conservadores.
Os problemas mais frequentes
1.
O sistema de ensino convencional não prepara para nada isso.
2.
A sociedade discrimina os que começam esse tipo de jornada, mas bajula os que
chegam ao final dela.
3.
As pessoas têm medo de sair do quadrado.
4.
Você raramente terá apoio se disser que não quer mais seguir a boiada — isto
é, fazer faculdade para conseguir um diploma.
5.
Capital é bom, mas é possível conquistá-lo vendendo.
6.
Pessoas convencionais têm preconceito com vendas.
7.
Muitos, ao conquistarem seu primeiro sucesso, querem logo comprar um carro zero
como sinal de status. Em vez de ampliarem seu capital de giro, ampliam suas
dívidas.
8.
Outros ficam apegados ao negócio que criaram e, assim, perdem o timing para vendê-lo.
9.
Lucro não é pecado e sonhar não é para alienados.
10.
Você irá atrair interesseiros. Saiba distinguir quem é quem nesse jogo.
Teoria
e prática
Muitos desavisados, quando leem isso, pensam que é
tudo apenas blá-blá-blá teórico, e imediatamente disparam: "Falar é fácil,
mas a prática não é tão simples assim".
Bem, nos últimos 20 anos, fundei uma dezena de
empresas. Comecei minha vida vendendo relógios do Paraguai e, em seguida, vendi
curso de inglês. Hoje, vendo empresas. Não, não é nada simples, mas de uma coisa
eu tenho a certeza: se eu tivesse 18 anos de idade com o conhecimento que tenho
hoje, certamente não seguiria a boiada nem o modelinho convencional para o qual
a grande multidão é diariamente treinada dentro das escolas e universidades.
Se a mim for dado o privilégio de viver por mais
algumas décadas, eis o que gostaria que meus olhos testemunhassem:
a) que meus filhos, como eu, nunca tenham uma
carteira de trabalho assinada;
b) que eles nunca dependam de governo e que voem com
suas próprias asas, sem medo e sem serem tolhidos pelo sistema de ensino
(quanto a isso, eles já colocam a escola em seu devido lugar: pouca ou nenhuma
significância em sua educação).
Como minha esfera de influência direta são apenas meus
filhos, minhas pretensões se restringem apenas a eles.
Quanto a você, não aceite nada menos que o seu
potencial possa lhe dar. E faça por merecer. Não se permita ser doutrinado por
ambiciosos lobos vestidos de cordeiro, seja nas redes sociais, nas escolas e
universidades, ou nos palanques da vida.
Viva seu sonho e coloque-o em prática, ainda que
tenha de lidar com os medíocres de plantão que pensam que voar é para pássaros
alienados que seguem modismos. Modismo mesmo é seguir a manada e viver de
alpiste pelo resto da vida.
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