segunda-feira, 29 fev 2016
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Josefa Tiago dos Santos, a empreendedora assassinada pelo estado
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Uma idosa de 65 anos que trabalhava como vendedora ambulante
perto da rodoviária do Plano Piloto, no Distrito Federal,
teve
suas mercadorias (dindin e água mineral) apreendidas em uma
operação de fiscalização de ambulantes.
Josefa Tiago dos Santos estava com duas caixas de isopor
quando foi abordada por três fiscais da Subsecretaria da Ordem Pública e Social
(Seops). Uma testemunha relatou que foi uma "abordagem
muito agressiva" e que os fiscais aparentavam estar armados, pois
carregavam um volume na cintura. O material recolhido foi colocado
em uma camionete branca sem identificação do órgão.
Após ter a mercadoria apreendida, a ambulante caiu no chão e
passou mal. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado
e prestou os primeiros socorros. Ela recebeu massagem cardíaca para ser
reanimada e, depois, foi levada por uma UTI móvel para o Hospital de Base do
DF. Lá, entrou em coma.
Na manhã de sexta-feira (26/02), teve uma
parada cardiorrespiratória e morreu.
O grande crime de Josefa Tiago dos Santos: vender bens na
rua para conseguir auferir alguma renda e, com isso, se manter viva após o governo
ter destruído a economia do país.
O caso de Josefa foi apenas mais um dentre os vários, e
diários, ataques perpetrados pelo estado à propriedade privada de trabalhadores
que estão apenas ofertando bens a consumidores que voluntariamente optam por consumi-los.
Essa agressão do estado é recorrente. E também repugnante.
Acima de tudo, é um crime
inconstitucional. No artigo
170 da Constituição, parágrafo único, lê-se o seguinte:
É assegurado a todos o
livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização
de órgãos públicos [a
menos que se demonstre de forma inequívoca que essa medida é: (i) necessária para
a proteção de um interesse fundamental; e (ii) adequada para a consecução desse
objetivo].
E esse crime se torna ainda mais grave e repulsivo quando
consideramos o momento pelo qual o país passa, com desemprego, impostos, perda
acentuada do poder de compra da moeda, retração econômica prolongada, crescimento
da pobreza e da miséria — tudo provocado exatamente pelo mesmo governo que
direciona os seus recursos, pagos com o nosso dinheiro, para violentamente
impedir que os cidadãos tentem melhorar sua situação por meio do trabalho e da
criação de riqueza, produzindo e vendendo mercadoria em trocas voluntárias mutuamente
benéficas.
No entanto, e lamentavelmente, este não foi um caso isolado. Tais medidas são mais corriqueiras do que
imaginamos.
Ano passado, houve um perturbador registro de um trabalhador
que tentou se suicidar após sua mercadoria ser roubada por burocratas do
estado:
(Observe, a partir do minuto 1:14, a expressão relaxada e
sádica dos burocratas enquanto roubam a propriedade de outro trabalhador, que
olha desolado e impotente seu ganha-pão lhe sendo confiscado).
A filósofa Ayn Rand famosamente disse:
A questão não é
quem vai me permitir.
A questão é quem vai me impedir.
Ayn Rand, obviamente, não conhecia a máfia estatal brasileira. E não tinha ideia de como um povo pode
genuinamente se manter escravo de uma classe de burocratas poderosos e parasitários. Em meio à maior destruição econômica promovida pelo governo em um século, o povo brasileiro vê sua situação se agravar ao ser proibido pelo estado de até mesmo tentar ganhar um trocado honestamente.
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Guilherme Benezra,
formado em Administração na ESPM-Sul, é um austro-libertário, tendo como
principais influenciadores Mises e Hoppe.
Julio dos Santos,
graduado em Administração de Empresas pela PUCRS, pós-graduado em Economia
Empresarial pela UFRGS e membro honorário do Clube Miss Rand, possui experiência
profissional de sete anos na área de finanças corporativas. Estudante autônomo
e defensor da Escola Austríaca de Economia.
Leandro
Roque, editor e tradutor do site do Instituto Ludwig von Mises
Brasil.