No
livro bíblico
Sabedoria,
capítulo 11, diz-se que
Deus dispôs todas as coisas com medida,
quantidade e peso. Isso foi tomado pelos antigos eruditos da Igreja
Católica como uma prova de que o universo era ordenado, possuía
leis universais e imutáveis. Somente pressupondo tal ordem podemos fazer
ciência. Esse é, portanto, um axioma fundamental do método científico.
Mas
Deus faz milagres, isto é, viola as próprias leis que criou. E faz todo o
sentido que Ele tenha criado o universo perfeitamente ordenado, pois que
dessa forma podemos contemplar Suas ações milagrosas. Em um mundo sem leis
constantes, seria impossível observar milagres, tudo e nada seria
um milagre.
Ao
contrário do que se imagina, não há apenas leis para as coisas naturais; há
também leis da ação humana, e há leis éticas absolutas. Por meio da razão que
Deus nos concedeu, descobrimos as leis gerais da ação humana, estudadas pela Praxeologia. Também pelo
poder da razão pura alcançamos um sistema ético absoluto, irrefutável, baseado
na ética argumentativa.
As
leis naturais e praxeológicas são invioláveis: é impossível explodir um prédio
com o poder da mente, e é impossível agir sem usar meios. Mas, do mesmo jeito
que agir desrespeitando ou desconhecendo as leis naturais leva ao erro na
prática, também agir desrespeitando as leis praxeológicas ou econômicas leva a
erros, como quando o estado insiste em intervir no mercado, gerando gravíssimas
consequências.
As
leis éticas, ao contrário das outras, podem perfeitamente ser violadas. Jamais
lograremos, usando apenas a força das pernas, dar um salto de cem metros de
altura, nem conseguiremos comer um bolo agora e amanhã comer de novo o mesmo
bolo. No entanto, com frequência um
homem mata, rouba e agride outro homem, ferindo o princípio ético da não
agressão.
Não
obstante, as leis da ética também foram criadas por Deus e, portanto, deveriam
ser seguidas fielmente. Também o seu desrespeito leva a problemas, bem como o
desrespeito a qualquer lei natural ou econômica.
O
estado é um agressor por
definição, é um violador de leis éticas, porquanto ele mata, rouba,
sequestra, censura, falsifica e agride inocentes. O que nos leva à pergunta
central deste artigo: deveríamos mesmo acreditar que Deus criaria um universo
no qual parte de Suas leis teriam de ser necessariamente violadas
e ignoradas? Deus criaria leis que devessem ser desrespeitadas
sumamente caso os homens quisessem existir?
Acredito
que não. Existe a crença de que a existência do estado, esta instituição
tenebrosa, coerciva e assassina, é um dado inescapável da realidade, de que a
sociedade só poderia existir sob o comando dessa máfia criminosa. Quem crê
nisso está entrando em contradição com o próprio Criador do Universo, o qual
estabeleceu leis cujo descumprimento necessariamente nos levam ao erro.
Ou
seja, saímos de uma situação pré-estabelecida pelo Criador e inventamos outra
pior que a anterior.
Um cristão não pode, portanto, defender a existência do
estado em detrimento das leis de Deus. O estado, por sua própria natureza, é
imoral. Como explicado neste artigo:
Se examinarmos o estado nu, por assim dizer,
veremos que ele recebe permissão universal, e é até mesmo estimulado, a cometer
atos que até mesmo os não-libertários admitem ser crimes repreensíveis.
O estado sequestra as pessoas e rotula essa
prática de "alistamento militar obrigatório". O estado
encarcera pessoas que ingeriram substâncias não-aprovadas pelo governo e rotula
essa prática de "guerra contra as drogas". O estado pratica o
roubo e a espoliação em massa e rotula essa prática de
"tributação". O estado pratica homicídios em massa e rotula
essa prática de "política externa". O estado pratica
privilégios para grandes empresas e rotula essa prática de "políticas de
proteção à indústria". O estado destrói o poder de compra da moeda e
rotula essa prática de "política monetária". O estado impõe
restrições à liberdade de empreendimento e rotula essa prática de
"regulamentação". O estado estimula o parasitismo e rotula esta
prática de "políticas de bem-estar social".
Em
suma, o estado tem de roubar, agredir, coagir e violentar para existir. Aboli-lo e colocarmo-nos em acordo com as leis
de Deus deveria ser a ideia defendida por um cristão.
Uma
vez abolido o estado, imediatamente as leis econômicas deixarão de ser
violadas, e a sociedade vislumbrará um momento de criação de riqueza que jamais
se viu na história da humanidade. Com o fortalecimento da propriedade privada,
teremos o ambiente ideal para a geração constante e incoercível de riqueza
dentro de uma matriz de cooperação e paz.
A
humanidade já padeceu indizivelmente por sua rebeldia contra as leis éticas,
continua padecendo e assim continuará a menos que as adotemos como tão
absolutas quanto seu próprio criador.
Não
podemos esperar que Deus nos melhore a vida se sequer seguimos as leis que Ele
estabeleceu. Se o que queremos é Justiça, Paz e Prosperidade, voltemo-nos para
as imutáveis e universais leis do Supremo Criador.
__________________________________
Leituras complementares, porém imprescindíveis:
A teologia
do estado no Novo Testamento - O que realmente era o "Dai a César"
A teologia
do estado no Novo Testamento – Romanos 13 e a "submissão" aos
governos