A
principal dificuldade em ganhar dinheiro e enriquecer é que você tem de ter um dinheiro
de reserva para criar aquilo que é chamado de "renda passiva", que é a renda
que continua crescendo sem que a pessoa tenha de trabalhar.
Isso significa que, para enriquecer, você tem
de juntar um capital que seja suficiente para ser investido e tenha
rendimento.
E,
para obter esse capital, não há mágica: você tem de criar valor; você tem de
ter uma atividade diária que seja valorizada e voluntariamente consumida por pessoas.
Logo,
duas conclusões: 1) você tem de trabalhar em algo que seja valorizado e
demandado por consumidores. Só assim
você conseguirá acumular algum dinheiro; 2) se a taxa básica de juros vigente
em seu país for alta, melhor para você, pois seu dinheiro aplicado renderá
mais.
Pessoas
pobres permanecem pobres por três razões.
A
primeira é que sua mão-de-obra é tão simples, que a demanda por ela não é
alta. Uma mão-de-obra ganha valor de
acordo com sua escassez e sua qualidade. Trabalhadores de redes fast food ou caixas de supermercado e padaria simplesmente não são uma mão-de-obra escassa. Isso faz com que seus contracheques sejam
baixos.
A
segunda razão é que as pessoas pobres que têm uma renda mais maleável — ou
seja, uma renda que não está totalmente comprometida com despesas fixas e
essenciais — têm de saber escolher entre várias opções.
Entre as pessoas ricas, alguns vícios — como uísque importado — podem
ser considerados meras excentricidades, uma vez que esses vícios, na maioria
dos casos, não causam a ruína de suas circunstâncias presentes e futuras. Já entre os pobres, os vícios — dentre os
quais os mais comuns são cigarros e bebidas — consomem um dinheiro que, em
outras circunstâncias, poderia ser utilizado para aplicações financeiras, as quais
formariam aquele colchão necessário para criar a renda passiva.
Uma pessoa que não controla seus vícios e que
por isso vive exclusivamente de salário a salário é uma pessoa que, em vez de
estar se esforçando para controlar seu próprio destino, está com o seu destino
controlado pelo mercado de trabalho.
A
terceira razão é que, sem que tenham nenhuma culpa por isso, as pessoas pobres
possuem acesso apenas a uma fatia muito limitada da economia — que é aquela
que está fisicamente próxima deles. Vários pobres (embora cada vez menos) continuam sem acesso à
internet, a qual é hoje a maior força-motriz por trás da acumulação de
riqueza. Aliás, vários pobres nem sequer
têm acesso a uma livraria ou até mesmo a uma boa educação.
Com
esses três fatores combinados, as pessoas pobres muito provavelmente
continuarão pobres. E o comportamento
agregado de indivíduos no mercado mostra que isso é verdade. Histórias de sucesso continuam sendo a
exceção. Sendo assim, torna-se fácil
acreditar que as pessoas pobres não têm nenhuma outra escolha senão continuarem
pobres.
Este artigo é uma tentativa de
mostrar que tal argumento não procede, e também de mostrar como a pobreza pode
ser superada por meio da compreensão das forças naturais do mercado.
Simples, porém trabalhoso
Para
remediar o primeiro problema da pobreza — a mão-de-obra de uma pessoa pobre
não ser escassa —, é necessário adquirir educação. O indivíduo tem de saber tornar sua
mão-de-obra qualificada e demandada.
Isso
pode ser feito tanto por meio do autodidatismo quanto por meio da educação em
uma escola técnica. Aprender as técnicas
de um trabalho específico, como fazer aulas técnicas em um sábado à tarde para
adquirir um certificado de operador de empilhadeiras, é um esforço que, embora
sobrecarregue o indivíduo temporariamente e até mesmo aumente seus gastos,
poderá lhe trazer uma maior acumulação de riqueza no longo prazo.
Não
basta apenas olhar o salário do final do mês para determinar o que pode e o que
não pode ser comprado. Qualquer
planejamento para o futuro tem de ser feito com o intuito de ganhar o máximo de
dinheiro possível. Isso significa que o
indivíduo terá de poupar dinheiro para fazer essa especialização. Logo, ele não poderá gastar seu pouco
dinheiro comprando cigarros, cerveja ou comendo uma comida mais cara. Sacrifícios serão necessários no curto
prazo, o que inclui não ter TV a cabo ou serviços de streaming.
Pessoas
que sobrevivem de salário a salário deveriam economizar o máximo possível a
cada semana. Após um ano de poupança
extrema, uma pessoa que trabalha em troca de salário mínimo já terá algumas
economias. Se as taxas básicas de juros
do país estiverem altas, tanto melhor: suas aplicações irão render mais, e sua
poupança será menos sacrificante. A
partir daí, não será difícil investir esse dinheiro em cursos técnicos que lhes
deem um certificado.
Em países em que
tais cursos são subsidiados ou mesmo "gratuitos", não há nenhuma desculpa para
não fazer isso. Com esforço e dedicação,
um jovem pobre pode se tornar um grande mecânico de automóveis, um serviço para
o qual sempre haverá demanda.
No
pior dos cenários, que é aquele em que uma pessoa pobre não possui meios de
transporte para se locomover até o local do curso técnico — quando, por
exemplo, as tarifas de ônibus são caras, ou nem sequer há ônibus —, uma
bicicleta terá de ser adquirida. Daí a importância ainda maior da poupança. Trata-se de um gasto que na verdade é
um investimento.
Inversamente,
os dois vícios mencionados — cigarros e álcool — não acrescentam
absolutamente nada à riqueza de um indivíduo. Ao contrário, são gastos que representam uma contínua subtração de sua
riqueza, principalmente no mundo atual, em que os preços desses bens só fazem
crescer à medida que os governos vão elevando os impostos que incidem sobre
esses itens. Cortar a cervejinha pode
ser algo bem sacrificante em termos de prazer pessoal; mas, quando se considera
que a escolha é entre um momento de prazer ou uma vida bem-sucedida, a opção
deveria ser bem clara.
O
terceiro problema, que é o das oportunidades de acordo com a localização do
indivíduo, também terá de ser resolvido por meio da poupança. Computadores e até mesmo laptops terão de ser
adquiridos; e podem ser adquiridos no mercado de usados por preços bem em conta. Ter um computador ou um laptop pode parecer uma
despesa incrível para alguém que ganha salário mínimo; mas, de novo, com planejamento,
poupança, sacrifícios e corte de gastos inúteis, é algo totalmente viável. Não é fácil, mas é totalmente factível. No mundo atual, ter um computador é quase
obrigatório.
Uma
pessoa que não tenha acesso à internet em casa poderá ter de ir a uma fonte que
forneça internet, como uma biblioteca. Ou, no extremo, comprar um plano básico de celular e fazer hotspot. Daí a necessidade de mais
poupança.
A
questão então passa a ser a seguinte: tendo investido em uma bicicleta ou em um
computador, o que o indivíduo terá de fazer para enriquecer? Com um computador, os serviços mais
demandados (e, por isso, os mais escassos) envolvem programação. Livros sobre programação de computadores,
muito embora nem sempre estejam totalmente atualizados, podem ser encontrados
em bibliotecas públicas. Vários deles,
como Visual Basic para iniciantes, vêm com DVDs que podem ser utilizados como
ferramenta de auxílio.
O próprio YouTube possui vídeos que ensinam vários tipos de programação de
computador. E, procurando com paciência,
a internet fornece vários .pdfs gratuitos de apostilas de programação. Com dedicação e paciência, qualquer um pode se tornar um webmaster.
Com efeito, a difusão da tecnologia já concede acesso a inúmeras informações a custos cada vez menores. Hoje temos vários programas gratuitos de aprendizagem via internet (como por exemplo a Khan Academy). Basta entrar na internet, fazer o download do material curricular e seguir as instruções.
Consequentemente,
não é impossível que um sujeito que trabalha em alguma rede de fast food ou que é caixa de padaria, e
que hoje não tem nem meio de transporte e nem computador, possa por meio desses
sacrifícios e esforços subir na vida. Ele pode não virar um milionário, mas sem dúvida sua renda irá aumentar
substantivamente.
Um
grande problema ao qual todos estão sujeitos é que essa renda que momentaneamente
parece ser contínua e suficiente pode repentinamente sumir. Trabalhadores podem ser demitidos. Empresas podem falir. O
mercado pode simplesmente tornar algumas profissões obsoletas. Em algum momento no futuro, pode até ser
possível que computadores se programem sozinhos de acordo com um arranjo de
preferências pré-determinadas. Aquele
indivíduo ou aquela família que até então estava confortável em uma profissão
repentinamente descobre que sua renda voltou a correr risco.
O
que fazer?
O
objetivo supremo de ganhar dinheiro é ganhar dinheiro o suficiente para que
investi-lo se torne uma vocação. Isso
irá fornecer uma vida com mais segurança e mais certezas. Investidores podem controlar aquilo em que investem. Tanto o sucesso quanto o fracasso são
determinados pelas escolhas que fazem. Isso é o oposto de ter de seguir ordens de um patrão, que é quem decide
por conta própria se o empreendimento no qual você trabalha irá fracassar ou
ser bem-sucedido.
Por
isso, o objetivo da independência vocacional deveria ser óbvio: você começa
sendo um assalariado, mas deve utilizar o dinheiro para se qualificar
continuamente, até se tornar um empreendedor autônomo. Hoje, com a internet, você tem acesso a
praticamente qualquer livro-texto ou vídeo técnico que queira. Tendo um meio de locomoção — uma bicicleta ou até mesmo um carro
simples e usado, que já deixou de ser caro há muito tempo —, sua esfera de
influência econômica se estende para muito além de sua residência. É assim que
você começará a realmente ganhar dinheiro.
Após
adquirir uma renda contínua e confiável, e com os vícios controlados, é
possível poupar cada vez mais dinheiro, o que permitirá um colchão que traga
alguma tranquilidade.
Visto
por esse prisma, aquele senso comum que diz que devemos "trabalhar para ganhar
dinheiro para sobreviver" é somente parte da solução. Mais especificamente, é a primeira parte da
solução. O objetivo supremo é "trabalhar
para ganhar dinheiro para que, então, você possa ser autônomo ou trabalhar em
troca de um salário ainda maior".
Para concluir
Se você mora em um país que oferece cursos técnicos gratuitos, cujas taxas de
juros são relativamente altas, e você tem acesso à internet, não há desculpas
para não ganhar dinheiro. Você pode não
ficar milionário, mas pode perfeitamente deixar de ser pobre. O processo é simples, mas muito
trabalhoso. Exige sacrifício e
dedicação. Mas qualquer um pode fazê-lo.
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