Em
uma economia baseada na livre concorrência genuína, na qual não há
favorecimentos governamentais, não há subsídios, não há tarifas de importação e
não há regulamentações que visam a proteger determinadas empresas contra a
potencial concorrência de novos entrantes, um empreendedor só conseguirá
enriquecer e acumular uma grande fortuna se ele conseguir satisfazer de maneira
contínua os desejos e necessidades de seus consumidores.
Para
acumular sua fortuna, este empreendedor terá de conseguir obter uma alta taxa
de retorno sobre seus investimentos e sobre seu capital. E, para conseguir isso — e também para se
manter neste mercado à frente de sua concorrência —, ele terá de reinvestir
continuamente a maior parte de seu lucro.
Neste
mercado competitivo, há duas maneiras deste empreendedor conseguir um grande
lucro: criando produtos e serviços cada vez melhores, ou então produzindo os
mesmos produtos e serviços a custos cada vez menores. Com o tempo, no entanto, a concorrência inevitavelmente
irá imitá-lo e abocanhar sua fatia de mercado, o que fará com que os lucros
deste empreendedor sejam reduzidos.
Para
que ele volte a aumentar seus lucros, ele terá de iniciar um novo ciclo de
inovação.
Por
exemplo, para manter seus lucros, a Apple teve de, repetidas vezes, aprimorar
seus produtos e inventar vários outros.
Caso a Apple tivesse se acomodado, seus produtos — que inicialmente
eram muito lucrativos — teriam se tornado obsoletos pela concorrência, e hoje
estariam sendo vendidos com grande prejuízo.
Neste
cenário concorrencial, os altos lucros obtidos por empreendedores têm
necessariamente de ser reinvestidos nos meios de produção utilizados para
produzir estes próprios produtos nos quais são feitas as inovações — por
exemplo, os lucros da Apple são reinvestidos para aprimorar e expandir a
produção de produtos da Apple.
Desta
maneira, as fortunas empreendedoriais sob o capitalismo representam produtos
cada vez melhores e mais baratos produzidos com o capital constituído por estas
fortunas. As fortunas se originam nos
lucros e são utilizadas como capital. Em
ambos os casos, elas servem ao público consumidor. Elas também servem para pagar salários.
A
existência de fortunas sob o capitalismo beneficia a todos nós, seja na
condição de compradores de produtos, seja na condição de vendedores de
mão-de-obra.
Isto
é um arranjo moral por natureza.
Sendo
assim, o desejo de se impor uma igualdade de renda — ou, colocando mais
suavemente, o desejo de se reduzir a disparidade de renda originada desta
maneira — requer necessariamente o confisco dos lucros. Tal medida não apenas iria abortar a criação
de fortunas, como também iria suprimir todo o progresso econômico. Defensores da igualdade de renda não entendem
absolutamente nada de lucros, inovação, investimentos e capital. Eles genuinamente acreditam que riqueza é simplesmente
um amontoado de bens de consumo. Os
capitalistas, a quem eles desprezam, supostamente detêm uma grande fatia deste
amontoado de bens de consumo. Logo, uma parte
deste amontoado tem de ser confiscada e redistribuída para as massas famintas.
Como
consequência direta deste raciocínio, a imposição da igualdade de renda nada
mais é do que uma política de confisco.
O capital de uma parte da população deve ser confiscado, redistribuído e
consumido — trata-se de um caso em que comer a semente dos cereais irá matar a
todos de fome.
Proponentes
desta igualdade são deliberadamente ignorantes em economia. Eles são movidos pela
inveja e pelo ressentimento, e não percebem que estão mordendo a mão que os
alimenta. As bases de sua filosofia são
o socialismo e o comunismo. Stalin e Mao
são seus heróis. Inanição, campos de trabalho forçado,
e democídio são o
seu legado.
Igualdade
econômica imposta pela força não passa de assalto a mão armada, e termina
necessariamente em
escravidão. Imagine um
país com 200 milhões de pessoas. Se a
produção tivesse de ser igualmente dividida por esses 200 milhões de cidadão,
qualquer indivíduo que duplicasse seus esforços iria receber apenas 1/200
milionésimos a mais. E qualquer pessoa
que simplesmente parasse de produzir passaria a receber apenas 1/200
milionésimos a menos. É óbvio que,
mediante estes incentivos invertidos, as pessoas iriam parar de produzir. E, para obrigá-las a voltar a produzir, o
governo teria de impor quotas mínimas de produção sob a ameaça de severas
penalidades (como foi feito na Ucrânia e na China de Mao).
Por
estas razões, igualdade econômica imposta pela força é um objetivo
inerentemente imoral e cruel.
Dado
que as pessoas são naturalmente desiguais
em quesitos como inteligência, ambição, ambiente familiar e disposição para o
trabalho duro, elas jamais serão economicamente iguais. A igualdade econômica, vale a pena repetir,
só pode ser alcançada se for imposta pela força, na forma de roubo e
escravidão.
Portanto,
não basta apenas dizer que "igualdade econômica imposta pela força é um objetivo
inerentemente imoral e cruel." É
necessário dizer que a igualdade econômica é um objetivo inerentemente imoral e
cruel porque só pode alcançado por meio da coerção, da violência e da
escravidão. Não há outra maneira.
Proponentes
da igualdade econômica, tanto os conscientes quanto os inconscientes, são
defensores da maldade. Seu objetivo é
maléfico. Eles devem ser implacavelmente
desmentidos ao dizerem que suas intenções são boas e nobres. É impossível haver boas intenções quando o
objetivo almejado é perverso e nocivo.
"Boas
intenções" da parte de comunistas são tão sensatas e nobres quanto "boas
intenções" da parte de assassinos e estupradores. Pelo menos, e ainda bem, nenhum apologista
alega "boas intenções" de assassinos e estupradores quando eles cometem seus
crimes. Mas "boas intenções" sempre são
alegadas por comunistas quando eles assassinam suas centenas de milhões de
vítimas.
Nesta
época amoral em que vivemos, aquilo que é perverso passou a ser visto como algo
nobre. Dizer que você ama os pobres e
quer fazer com que ricos e pobres sejam economicamente iguais é uma postura que
lhe garante o certificado de pessoa sensata e bondosa.
No
entanto, o que de fato é alcançado por qualquer programa que imponha a
espoliação dos ricos em prol dos pobres é a perpetuação da pobreza e criação de
ainda mais pobres. Alegar amor aos
pobres como justificativa para campos de trabalho forçado, inanição e chacinas
é algo que vem ocorrendo há milênios. Já
passou da hora de um basta.
O
bem para todos só é possível quando cada um cuida de sua própria vida e faz o
bem para si mesmo, por meio da produção e das trocas voluntárias. Em uma troca voluntária, o vendedor beneficia
não apenas a si próprio mas também o comprador.
E o comprador beneficia não apenas a si próprio mas também o vendedor.
A
liberdade econômica é o único arranjo capaz de eliminar a pobreza. A liberdade econômica substitui a pobreza por
uma criação contínua de riqueza. Mas a
liberdade econômica jamais eliminará a desigualdade. É impossível abolir a desigualdade, pois se
trata de uma característica inata. Cada
indivíduo nasce diferente e, ao longo da vida, aperfeiçoa aptidões
distintas. A igualdade só pode ser
alcançada por meio da violência. E seu
legado é a escravidão, a inanição e o democídio.
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Para
entender as reais causas das grandes disparidades de renda existentes no Brasil
e em outros países do mundo, recomendamos os seguintes artigos:
O estado gera as
desigualdades sociais que ele próprio alega ser o único capaz de resolver
A tragédia da inflação
brasileira - e se tivéssemos ouvido Mises?
Sobre a não neutralidade da
moeda