É
muito difícil manter um monopólio se você opera em um ambiente econômico
genuinamente livre, no qual não há barreiras regulatórias, burocráticas e
tributárias erguidas pelo estado contra o surgimento de concorrentes.
O
problema é que este arranjo em que o estado permite a existência de uma genuína
livre concorrência — e que, consequentemente, é formado por empresas cobrando
preços baixos e continuamente colocando novos produtos no mercado — infelizmente
é algo do passado.
No
mundo atual, políticos estão sempre prontos para oferecer a qualquer magnata ávido
por controlar toda uma indústria a chance de brilhar. Tarifas de importação, agências reguladoras criadas para cartelizar
mercados e proteger empresas favoritas, leis especiais,
códigos tributários indecifráveis e impossíveis de serem cumpridos pelos
pequenos empresários, burocracias ininteligíveis, e subsídios aos reis — estas
são as maneiras mais garantidas de se criar monopólios e de garantir que nenhum
grande empresário jamais tenha de passar aperto concorrendo no livre mercado.
A
seguir, uma pequena lista contendo as cinco maneiras mais eficazes de se
estabelecer um monopólio. Todas essas
medidas são alegremente defendidas pelas grandes empresas.
1. Regulamentações
Quando
o custo de se empreender é alto, aumente-o ainda mais, e com isso aniquile a
concorrência dos pequenos. Pequenas
empresas não conseguirão sobreviver às regulamentações impostas pelo governo,
ao passo que as grandes empresas certamente serão capazes de arcar com este
fardo, ao menos temporariamente.
Impostos, decretos, leis especiais e principalmente regulamentações específicas
irão dizimar qualquer sombra de concorrência antes mesmo que estes coitados
tenham tempo de perguntar o real significado das novas e indecifráveis
leis. As grandes empresas irão contratar
lobistas para ir ao Congresso, e estes certamente serão capazes de convencer os
burocratas de que aquele setor da economia em que tais empresas operam deve
estar sujeito a normas mais rígidas e estritas.
Ao contrário do senso comum, agências reguladoras e grandes empresas são sólidas aliadas.
2. Subsídios
Não
existe almoço grátis. Porém, quando o
governo está pagando o almoço, ele de fato tem
sabor de gratuidade. Subsídios
governamentais permitem que empresas adquiram um status monopolista ao mesmo
tempo em que supostamente mantêm um enfoque no consumidor. Utilizar dinheiro do governo para aumentar
suas receitas de maneira arbitrária permitirá a você reduzir acentuadamente
seus preços, e ainda assim manter a sua lucratividade. Você poderá agora dar gratuitamente um item
que até então custava $10 e, com a ajuda do subsídio de $1 milhão gentilmente
concedido pelo governo, continuar operando normalmente. Seus concorrentes, por outro lado, terão de
se virar dentro da crua realidade do mercado.
Ainda que eles de alguma forma consigam reduzir seus preços para $1,00 a
unidade, qual consumidor irá abrir mão de um produto que está sendo
literalmente dado de graça?
Uma
variante desse arranjo ocorre quando o governo utiliza agências estatais
de
fomento para conceder empréstimos subsidiados às suas empresas
favoritas. As consequências são idênticas. Para os amigos do rei, as
delícias dos juros
artificialmente baixos; para os reles mortais, a dureza do mercado.
O
subsídio não necessariamente tem de durar para sempre. Levará apenas algumas semanas para que seus
concorrentes comecem a perder receitas e a dar o calote em suas dívidas
pendentes.
3. Nacionalização
Este
é o método favorito dos políticos e burocratas.
A maneira mais fácil e mais direta de se criar um monopólio é
simplesmente transformar o monopólio em lei. O
controle federal sobre toda uma indústria representa uma efetiva proibição à
concorrência do setor privado. Pense nos
Correios e — em
vários países — no setor petrolífero.
Quem estiver à procura de um pavoroso exemplo prático de ineficiência,
déficits perpétuos e total falta de consideração pela qualidade dos serviços,
apenas olhe para um monopólio estatal.
Ainda
assim, a defesa da nacionalização é onipresente: basta você dizer que um
determinado setor deve ser monopolizado "para o bem do povo" e, em seguida,
fazer perorações a respeito do papel de suma importância desempenhado pelo
Ministério da Educação ou por outras burocracias estatais que as pessoas
consideram sagradas e intocáveis, e sua argumentação será prontamente aceita.
4. Tarifas de importação
Estrangeiros
podem ser um aborrecimento. Alguns são
barulhentos, outros são esquisitos. Mas
os piores são aqueles que competem conosco no mercado. Por que permitir que eles vendam para nós os
seus produtos? Por exemplo, empresas
chinesas produzem determinadas mercadorias a preços muito baixos e ainda têm a
petulância de pensar que podem exportar seus produtos baratos para o nosso
país. Quem em sã consciência iria querer
ter acesso a produtos baratos?
Se
um chinês quer vender um pano a $2, mas a nossa indústria nacional não
aceita
vender por menos de $5, então o certo é proibir os chineses de
satisfazer
nossos consumidores. Eles não podem
simplesmente agir como se entendessem o real funcionamento do mercado. É
perigoso.
O certo é impor a eles tarifas de importação elevadas e
desestimulantes. Melhor ainda seria propor uma proibição total
à venda de produtos estrangeiros dentro de um estado e dentro de uma
cidade, de
modo a isolar aquela localidade do resto do mundo. Ato contínuo,
ninguém poderá comprar nada de
nenhum outro fornecedor que não seja o grande industrial nacional. Esse
é o caminho para a riqueza. Para a riqueza dele, é claro.
5. Propriedade intelectual
Se
você teve uma boa ideia, por que permitir que uma outra pessoa qualquer tenha a
mesma ideia? Pegue a sua ideia,
escreva-a num papel com as letras mais garrafais possíveis, e peça sua imediata
patente. Ato contínuo, burocratas irão
garantir a você o direito exclusivo de utilizar essa ideia. E nem precisa se preocupar caso outra pessoa
tenha essa mesma ideia apenas um dia
depois, azar o dela. Você preencheu
a papelada antes. Mesmo que outra pessoa
do outro lado do globo tenha a mesma ideia, azar o dela. Você aquiesceu
com a burocracia antes. Explore seu monopólio com júbilo. Coloque um
alto preço no produto e não mais
se preocupe com a qualidade. Você agora
é livre para ignorá-la. Afinal, o que os
consumidores irão fazer: comprar seu produto exclusivo em outro lugar?
A
todos aqueles que conseguiram se encaixar em uma das categorias acima, usufruam
gostosamente seus privilégios. Vocês
merecem.