quinta-feira, 17 out 2013
Em
toda e qualquer situação, em qualquer época e em qualquer lugar do mundo, o que
dominará o pensamento das pessoas, bem como a ação que elas exigirão de suas
autoridades, é a ideologia dominante. A
ideologia dominante possui o indelével poder de moldar a maneira como as
pessoas interpretam o que está ocorrendo no campo social, por que isso está
ocorrendo, e o que deve ser feito a respeito.
A ideologia exerce seu poder em grande parte por meio daquilo que
podemos chamar de
poder da predisposição,
isto é, o poder que ela possui de gerar conclusões padrões e predeterminadas,
as quais, quando examinadas mais detidamente, nada mais são do que meros saltos
de fé.
No
presente, por uma conjunção sem precedentes de fatores, a ideologia dominante
ao redor do mundo é a social democracia.
Embora haja pequenas nuanças aqui e ali, pequenas diferenças emocionais
e intelectuais, o fato central é que a social democracia, em todos os lugares,
mantém coeso um elemento central: sua inabalável fé no estado, em seu poder de
correção e em sua capacidade de agir vigorosamente nas mais variadas frentes
possíveis, sempre com o intuito de aprimorar a sociedade e melhorar o
comportamento dos cidadãos.
Um
economista observa em particular que a ideologia social-democrata hoje abraça de
maneira inflexível as seguintes conclusões predeterminadas:
1. Se um problema econômico ou social parece existir, o
estado deve impor regulações para corrigi-lo ou, no mínimo, remediá-lo;
2. Se as regulações já foram impostas e não funcionaram,
elas devem se tornar mais severas e mais abrangentes;
3. Se houver uma recessão econômica ou uma simples
desaceleração da economia, o estado deve adotar medidas de "estímulo",
utilizando ativamente seus arsenais monetários e fiscais;
4. Se, não obstante todas as medidas estatais de
"estímulo", a recessão ou estagnação persistir, o estado deve aumentar o
tamanho, a duração e a abrangência destes programas;
5. Se o crescimento econômico parecer muito lento e não
estiver satisfazendo o padrão de desempenho exigido por pessoas poderosas (como
a mídia), o estado deve intervir para acelerar a taxa de crescimento fazendo
"investimentos" em infraestrutura, em educação, em saúde e em tecnologia;
6. Se o estado já estiver fazendo tais "investimentos",
então ele deve fazer ainda mais destes investimentos;
7. Durante uma recessão, para combater o aumento no déficit
do orçamento do governo, os impostos sobre "os ricos" devem ser elevados;
8. Se a economia estiver crescendo, os impostos sobre "os
ricos" também devem ser elevados, só para garantir que eles contribuam com uma
"fatia justa" para a sociedade e ajudem o governo a equilibrar suas contas;
9. Se os social-democratas perceberem qualquer tipo de "falha
de mercado", o estado deve intervir de maneira tal que prometa a criação de um
Nirvana;
10. Se as intervenções passadas e presentes não gerarem o
prometido Nirvana, então o estado deve aumentar sua intervenção até o Nirvana
ser finalmente alcançado.
As
predisposições social-democratas supracitadas, e várias outras numerosas demais
para serem citadas aqui, fornecem as bases sobre as quais o estado justifica
suas medidas correntes e suas propostas para agir ainda mais
expansivamente. Social-democratas e progressistas não
conseguem ver nenhuma situação em que a melhor medida a ser tomada seja a
redução do tamanho do estado ou a diminuição de sua intervenção. Tampouco são eles capazes de admitir que o
governo não pode fazer nada de construtivo em qualquer situação. Eles veem o estado como uma instituição
benevolente, bem intencionada, suficientemente capacitada e corretamente
motivada para corrigir absolutamente qualquer problema econômico e social. Para eles, todo o necessário para o estado
funcionar bem é que os cidadãos concedam ao governo plena liberdade de ação, e
aceitem de bom grado financiar seus custos, sem questionar.
Donde
se conclui que os social-democratas desejam que o tamanho, o escopo e o poder do
estado mudem sempre em apenas uma direção, independentemente de quais sejam as
condições passadas e presentes, e independentemente do sucesso com que tais
panacéias progressistas foram implantadas no passado — com efeito, se
honestamente avaliadas, virtualmente todas elas se revelam um completo
fracasso. A fé social-democrata no estado,
no entanto, segue eterna e inabalável.
É
um grande infortúnio para os países do Ocidente que não haja desafios sérios a
esta ideologia atualmente dominante. Os
partidos políticos de hoje competem entre si apenas por cargos, cada um deles
se esforçando para pilhar o estado ao máximo e direcionar os espólios para seus
correligionários e apoiadores. Não há
diferenças ideológicas substanciais entre eles.
Todos os partidos políticos acreditam em um estado poderoso, dominante,
difuso e engajado. Compreensível. Quanto maior o estado, maior o espaço para a corrupção,
mais poderosos são os políticos e maior é o enriquecimento ilícito desta gente. O que é inconcebível é ver pessoas
comuns defendendo sua própria espoliação.
Hoje, toda a discussão política se limita apenas a debater qual grupo de
escroques deve ficar com o comando do Leviatã.