sexta-feira, 30 0aio 2014
É
cada vez maior o número pessoas que diz que a solução para o fim definitivo da
pobreza está na tributação pesada dos mais ricos. O fato de haver vários indivíduos com
milhões, algumas vezes bilhões, em suas contas bancárias é algo que enlouquece
muita gente, especialmente políticos.
Populistas imaginam que estes ricos não fazem absolutamente nada na vida
a não ser amontoar dinheiro, contá-lo gostosamente e gargalhar sadicamente ao
pensarem nas vantagens que possuem sobre o resto da humanidade.
Sendo
assim, munidos de tais imagens mentais, os ativistas da redistribuição de renda
propõem vários esquemas para separar, à força, os ricos de seu dinheiro, sempre
utilizando o poder da violência governamental.
Trata-se de uma abordagem brutal que envolve um pesado uso da coerção
estatal contra pessoas. Se você acredita
na paz, como vários ativistas de esquerda alegam, então tal postura não pode
ser defendida. Violência produz apenas
mais violência, e nunca é uma solução.
O
outro problema com a tributação — e este, por si só, deveria bastar para fazer
com que a esquerda abandonasse em definitivo a defesa deste método — é que o
dinheiro confiscado é transferido para o próprio estado — a mesma instituição
que suprime a liberdade de expressão, joga as pessoas na cadeia pelo uso de
drogas e intimida vários tipos de associação voluntária e consensual entre dois
indivíduos. Não é algo muito esperto tomar
dinheiro daqueles que usam sapatos lustrados e transferir para aqueles que usam
botas militares.
Certamente
tem de haver uma maneira melhor, mais inteligente e mais pacífica de se retirar
dinheiro das mãos dos ricos e transferi-lo para as mãos da classe média e dos
pobres. E eu tenho a solução perfeita.
Ela
me veio recentemente, quando eu estava caminhando por uma rua da cidade e vi um
Rolls-Royce Phantom,
estacionado onde qualquer carro normal estacionaria. Carros absurdamente ostentosos e pomposos
podem ser incríveis em termos de luxo e desempenho, mas custam mais de US$320.000.
Inacreditável! Por que alguém iria querer comprar isso? O proprietário deste carro poderia ter gasto
uma minúscula fração deste valor em um carro bem mais simples (como o meu),
suficiente para levá-lo do ponto A ao ponto B; mas, em vez disso, e por razões
que ninguém pode realmente explicar, esta pessoa decidiu se desfazer de uma
quantia equivalente a vários anos da renda de um trabalhador médio — tudo por
um carro.
O
ponto a ser enfatizado aqui é que esta pessoa abriu mão de seu dinheiro. E onde este dinheiro foi parar? Ele foi para as pessoas que venderam o carro,
para as pessoas que construíram o carro, para as que transportaram o carro e
para as que forneceram equipamentos para o carro. Mas não pára por aí. O dinheiro foi também para os trabalhadores
da indústria de borracha que fizeram os pneus e para os trabalhadores nas
siderúrgicas que fizeram o material da luxuosa carroceria.
Ou
seja, o dinheiro foi do rico para todo o resto, e ninguém teve de ameaçá-lo de
morte, de cadeia ou de espancamento para que isso acontecesse. Aqueles que receberam o dinheiro não tiveram
de fazer lobby por ele, não tiveram de tributar e nem coagir ninguém. O cara rico abriu mão do dinheiro
voluntariamente! Logo, parece que
estamos chegando a alguma conclusão aqui.
Os
ricos são um grupo interessante. Eles
gostam de se destacar por meio de atos e posses que o resto de nós considera
como apenas absurdas ostentações. Se não
houver coisas com as quais os ricos possam gastar seu dinheiro
esbanjadoramente, eles irão apenas entesourar este dinheiro, enviá-lo a um
paraíso fiscal ou depositá-lo em obscuros fundos mútuos de outros países.
Thorstein
Veblen entendeu tudo às avessas. As
pessoas que se ressentem da riqueza das elites não deveriam de modo algum
condenar seu consumo excessivo. Elas
deveriam, ao contrário, encorajar cada vez mais seu consumismo. A solução é ter uma sociedade que apresente
uma vasta proliferação de luxos excepcionalmente caros nos quais os ricos
possam gastar seu dinheiro. Este é o
caminho para a expropriação voluntária e para uma eficaz redistribuição de
renda — deles para o resto de nós, do 1% para os 99%.
Considere,
por exemplo, uma passagem de primeira classe de um avião. Para alguns vôos, o preço desta passagem é de
quebrar a banca. Para compras de última
hora em alguns vôos internacionais, uma passagem desta pode custar até
US$15.000. E o que este passageiro ganha
em troca? Ele será servido por uma
comissária de bordo que acha que ele é o máximo, terá vários drinques à sua
disposição e um espaço extra para as pernas.
Mas chegará ao mesmo destino dos passageiros que estão na classe
econômica. Em troca desse pouco, este
passageiro rico transferiu milhares de dólares de sua conta bancária para as
contas bancárias dos pilotos, dos comissários de bordo, dos operadores de
bagagens, dos funcionários que comandam a burocracia da empresa aérea, dos
mecânicos da empresa aérea, dos responsáveis pelo abastecimento nos aeroportos,
e de todos os demais envolvidos na operação do voo. Outro detalhe adicional, do qual poucos
parecem se dar conta, é que são justamente os altos valores pagos pelos
passageiros da primeira classe e da classe executiva que permitem preços mais
baratos para a passagem da classe econômica.
O
mesmo raciocínio se aplica a hotéis de luxo.
Para mim, um hotel é apenas um local para se dormir quando se está em
outra cidade. Porém, há toda uma classe
de hotéis de luxo voltados para fornecer a seus hóspedes momentos inesquecíveis
pelo período de tempo em que ficarem ali.
Há hotéis com spas, saunas, piscinas, salas de ginástica, vários tipos
de restaurante, bares em todos os cantos, bibliotecas, campos de golfe, espaços
para caminhadas, salões de dança e mais luxos do que você seria capaz de usar
durante todo o ano. Estes hotéis chegam
a cobrar milhares de dólares por apenas uma noite.
Eu
não entendo muito bem a lógica de se fornecer tudo isso, mas vários indivíduos
pertencentes ao 1% dos mais ricos mantêm estes lugares sempre cheios. E isso é ótimo! O dinheiro deles sai de seus bolsos
diretamente para as mãos de recepcionistas, garçons, limpadores de piscina,
porteiros, arrumadeiras, cozinheiros, limpadores de chão, pedreiros, operários
que fazem reparos em instalações, e todos os outros tipos de profissões
puramente manuais que você for capaz de imaginar.
Precisamos
de muito mais de tudo isso. Veja o
campeonato mundial de iatismo. Trata-se
de algo absurdamente caro apenas para participar. Os iates podem custar mais de US$5
milhões. Apenas a manutenção eleva este
valor alguns milhões a mais. Tal coisa
seria absolutamente impensável para a esmagadora maioria dos mortais. No entanto, os ricos fazem tudo isso, e
voluntariamente transferem sua riqueza diretamente para os menos abonados de
todas as posições sociais e profissionais.
Principalmente se você considerar toda a atenção dada pela mídia e toda
a badalação que ocorre nas redondezas, há centenas de milhares de pessoas que
se beneficiam desta extravagância dos ricos.
O
que é especialmente louvável neste comportamento dos ricos é que, todos os
produtos que eles inicialmente adquirem antes do resto da humanidade, um dia se
tornam amplamente disponíveis para todo o mundo, desde que, é claro, a economia
de mercado esteja funcionando livremente.
Na década de 1980, um celular era o supra-sumo do luxo. Hoje, celulares estão disponíveis para todos
os pobres do mundo. O mesmo é válido
para computadores. Eu carrego em meu
bolso mais memória RAM e HD do que havia disponível, em conjunto, para os mais ricos e poderosos do mundo duas décadas
atrás.
Os
ricos são aquilo que chamamos de 'adotantes primários'. Eles são os primeiros a adotar toda e
qualquer tecnologia que surge. Com o
tempo, aquilo que era luxo se torna algo corriqueiro para o resto de nós. Produtos que antes estavam disponíveis apenas
em lojas exclusivas e chiques, daquelas que você tem de marcar hora para poder
entrar, acabam nas prateleiras de shoppings populares alguns anos depois. Os ricos desbravam as novidades, fazendo todo
o serviço antes de nós. Desta forma, eles
são os benfeitores da sociedade.
Se
quisermos espoliar os ricos de seu dinheiro, temos apenas de criar cada vez
mais oportunidades para que eles possam esbanjar milhões, até bilhões, em
objetos e serviços que você e eu jamais sonharíamos adquirir. Precisamos de mais luxo, de mais fausto, de
mais magnificência, de mais consumo conspícuo dos ricos, de mais bens e
serviços tentadores, exagerados e exorbitantes que incitem os ricos a abrir mão
do seu dinheiro.
Porém,
é claro que, se quisermos tudo isso, teremos também de ter produtores capazes
de fabricar estas coisas e vendê-las para os ricos. Isto significa uma sociedade trabalhadora,
poupadora, acumuladora de capital e investidora. E isto, por sua vez, significa que não se
deve punir o investimento e a acumulação de capital, nem tampouco criar
impostos punitivos sobre as receitas geradas por aqueles investimentos voltados
para os ricos. Impostos sobre a renda
têm de ser zerados, assim como sobre bens de luxo. Quaisquer medidas que desestimulem a produção
e a venda de bens de luxo têm de ser repelidas caso realmente se queira
esvaziar os bolsos dos milionários.
Igualmente,
é também preciso acabar com esta crescente ideia de que os ricos devem dar todo
o seu dinheiro para amplas e dispersas instituições de caridade. A quem isto realmente beneficia? É difícil saber, mas certamente há
organizações sem fins lucrativos que não fazem aquilo que alegam estar fazendo. Um caminho muito melhor seria estimular os
ricos a enriquecerem o máximo possível e, depois, saírem gastando
desmesuradamente por coisas que, no final, irão beneficiar a todos nós.
Os
ricos não levarão seu dinheiro para a cova.
O mercado é a melhor, mais eficiente e mais pacífica maneira de fazer
com que toda a riqueza seja distribuída para o resto do mundo.